Fintech de R$ 1 bilhão que oferece crédito a quem não possui histórico financeiro
A Jeitto, uma fintech focada nas classes C e D, divulgou seus resultados financeiros destacando um crescimento de 12,8% na receita e uma redução significativa na inadimplência durante o primeiro trimestre de 2025.
O Brasil conta com cerca de 70 milhões de pessoas que não têm acesso ao sistema financeiro formal. Para esse público, obter crédito é um grande desafio, pois sem um histórico bancário ou garantias, as opções limitam-se a empréstimos informais, financeiras com juros elevados ou o crediário das grandes lojas, fazendo com que o custo do dinheiro seja mais pesado para quem menos tem condições de arcar com ele.
Nesse cenário, a fintech Jeitto identificou uma oportunidade ao direcionar seus serviços para as classes C e D, posicionando-se como uma alternativa viável para quem está excluído do mercado bancário tradicional. Em 2024, a empresa fechou o ano com faturamento de R$ 770 milhões e alcançou o ponto de equilíbrio operacional (breakeven).
Nos três primeiros meses de 2025, a Jeitto alcançou uma receita bruta de R$ 174,7 milhões, apresentando crescimento de 12,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, sua carteira de crédito cresceu 13,6% se comparada a março de 2024.
Outro destaque foi a redução de 24% no índice First Payment Default (FPD), que mede a parcela de clientes que não pagam a primeira parcela do crédito no vencimento – a maior queda registrada pela empresa até hoje. Com esses resultados, o EBITDA cresceu 34% no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao ano anterior.
Para o restante de 2025, a fintech planeja um crescimento ainda mais expressivo, com a meta de atingir R$ 1 bilhão em receita.
Trajetória do fundador Fernando Silva
Fernando Silva, engenheiro metalúrgico de formação, construiu uma carreira internacional antes de investir no mercado brasileiro. Após passar pelos anos 90 na Índia e cursar mestrado na University of Birmingham, no Reino Unido, ingressou no setor financeiro no Brasil.
Posteriormente, em sua trajetória profissional, assumiu posições estratégicas em empresas como a GE Capital e participou da criação de bancos e fintechs em mercados emergentes, incluindo Rússia, Nigéria e Europa Oriental. Ele foi responsável pela estruturação do Renaissance Credit, um dos maiores bancos de crédito russos, expandindo operações para Ucrânia, Romênia e Polônia.
Na Nigéria, contribuiu para criar uma instituição financeira focada em crédito, e em 2012 cofundou a fintech Mokka, especializada em pagamentos parcelados, que se tornou referência em países como Rússia e Bulgária.
De acordo com Silva, ao observar como soluções financeiras estruturadas podem impactar positivamente a vida das pessoas, ele reconheceu o potencial do mercado brasileiro, que possui uma enorme demanda reprimida, o que o motivou a fundar a Jeitto.
Funcionamento da fintech Jeitto
O Jeitto é um aplicativo de crédito e consumo voltado às classes C e D, atuando como uma carteira digital. Por meio do app, os usuários conseguem pagar contas, recarregar celulares, realizar compras online e transferências, tudo sem precisar de uma conta bancária tradicional.
O diferencial da fintech está na utilização de inteligência artificial para avaliar o perfil de crédito dos clientes, possibilitando aprovações mesmo para aqueles que possuem restrições no CPF.
Ao longo de 2024, a empresa conquistou 10 milhões de clientes, o que contribuiu para quase dobrar seu faturamento e alcançar o ponto de equilíbrio financeiro.
Nova fase com rebranding e expansão
Com a marca consolidada no mercado, a Jeitto passou por um processo completo de rebranding para expressar melhor seu compromisso com o público-alvo. A nova identidade visual apresenta um logotipo inspirado no símbolo de atualização, reforçando conceitos de agilidade e inovação.
Marcus Pesavento, Head de Marketing, destaca que a comunicação da empresa busca se conectar com os brasileiros que fazem muito com pouco, transmitindo essa mensagem de forma clara e acessível.
Além disso, a Jeitto reforça seu modelo de trabalho baseado no aprendizado contínuo. Alex Franco, CRO e CTO, explica que a equipe está estruturada para testar e validar novas soluções rapidamente, sempre fundamentadas em dados e feedback dos usuários.
A fintech também está ampliando seus serviços, com a recente aquisição da Pilla, uma plataforma de crédito consignado, e o lançamento do Shópi Jeitto, um marketplace que reúne mais de 25 lojas parceiras. O objetivo é oferecer, além do crédito, opções de consumo acessíveis, permitindo que os clientes utilizem seus limites diretamente pelo aplicativo.
Para 2026, a expectativa é que a Jeitto acelere seu ritmo de crescimento, retomando ganhos superiores a 50%. Contudo, conforme explica CEO Fernando Silva, a missão principal segue inalterada: democratizar o acesso ao crédito no Brasil.
“O sistema financeiro tradicional ainda exclui milhões de brasileiros. Nosso propósito é transformar essa realidade, entregando soluções financeiras justas, transparentes e eficientes”, finaliza Silva.
