Floripa se destaca como destino mundial para nômades digitais e conta com serviço de concierge para estrangeiros
Florianópolis, capital de Santa Catarina, tornou-se um dos principais polos globais para nômades digitais, ficando atrás apenas de Dubai em número de empreendedores digitais, conforme revela uma pesquisa da plataforma DashCity. Atenta a esse público internacional, a Founder Haus, localizada em Jurerê Internacional, tornou-se um importante hub que oferece suporte para abertura de CNPJ, conexão com empresas locais e até mesmo sessões de banho de gelo para auxiliar no equilíbrio mental dos empreendedores.
Crescimento expressivo dos nômades digitais em Florianópolis
Segundo a análise preditiva que combina inteligência artificial e fontes confiáveis da DashCity, a cidade deve ultrapassar a marca de 13 mil nômades digitais até 2030. Para o ano de 2025, a projeção indica cerca de 5.666 profissionais trabalhando remotamente, o que representa um aumento de 224% desde 2018. Essa expansão coloca Florianópolis à frente de outros centros globais importantes, como Bali e Cidade do México.
Esse crescimento impacta significativamente a economia local. Estima-se que, em 2025, o consumo médio desses nômades injete aproximadamente R$ 160 milhões na economia da cidade, com a expectativa de alcançar R$ 380 milhões até 2030.
“Florianópolis é um polo em ascensão, com a maior taxa de crescimento no universo dos nômades digitais. Isso a torna uma opção cada vez mais atrativa tanto para quem busca qualidade de vida quanto para aqueles que valorizam a inovação”, comenta Dudu Gentil, cofundador da DashCity e morador de Florianópolis.
Fatores que atraem os profissionais remotos
Conhecida como a “capital nacional das startups”, Florianópolis possui um ecossistema tecnológico amplo, abrigando mais de 6 mil empresas do setor e uma densidade de startups dez vezes maior do que a da cidade de São Paulo. A infraestrutura digital da capital catarinense também é um diferencial, com internet rápida e ampla oferta de espaços de coworking.
A presença de instituições renomadas, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que forma mais de 400 engenheiros de software por ano, fortalece esse ecossistema. Além disso, iniciativas como a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e o Sapiens Parque promovem o desenvolvimento de startups e atraem investimentos contínuos.
Outro ponto de destaque é a combinação entre uma cidade moderna e a preservação de sua natureza, com 42 praias e 27% do território ambientalmente protegido. Para muitos nômades digitais, o privilégio de trabalhar com vistas para o mar, aliado a um custo de vida menos elevado do que em outras metrópoles globais, tem sido decisivo para a escolha de Florianópolis.
Founder Haus: hub de inovação e acolhimento em Jurerê Internacional
Surgida em agosto de 2023 em um dos bairros mais valorizados da cidade, a Founder Haus foi criada pelas empreendedoras Paloma Lecheta e Nima Kaz. O espaço vai além do tradicional coworking, unindo produtividade e bem-estar sob o conceito de “empreendedorismo saudável”.
“Buscamos criar um ambiente no qual o empreendedor se sinta em casa para trabalhar e cuidar da saúde física e mental. Acreditamos que empreendedores saudáveis são mais produtivos”, explica Paloma Lecheta, cofundadora do espaço.
A Founder Haus organiza eventos regulares, como o Jurerê Breakfast Club e o Founder Fridays Floripa, que promovem networking e troca de experiências. Com uma comunidade formada por cerca de 450 membros, o hub oferece também suporte prático para a abertura de CNPJ e incentiva práticas de bem-estar, incluindo sessões de banho em piscina de gelo para otimização cognitiva.
Desafios para o crescimento sustentável
Apesar de seu progresso, Florianópolis ainda enfrenta obstáculos para consolidar seu papel como destino para nômades digitais de maneira sustentável. O maior desafio é o alto custo da moradia, situação agravada pelo aumento da demanda no período de alta temporada. Bairros como Lagoa da Conceição, Campeche e Jurerê, preferidos por esse público, têm sofrido com a elevação dos aluguéis.
Para mitigar essa questão, empresas e imobiliárias têm implementado iniciativas voltadas para moradia acessível, como o empreendimento focado em nômades digitais que a construtora Modulare planeja lançar em Jurerê. Ademais, o conceito de “work living” ganha força com o crescimento dos espaços de coworking na cidade.
Outro desafio importante é a barreira do idioma. A baixa fluência em inglês, com apenas 38% da população local dominando a língua, dificulta a integração dos estrangeiros. Em resposta, políticas públicas têm investido em programas de capacitação em inglês para profissionais da hospitalidade e para o público geral.
Iniciativas privadas e políticas públicas que fortalecem o ecossistema
A cidade conta com o apoio do visto VITEM XIV, que facilita a estadia temporária para trabalhadores remotos no Brasil, permitindo permanência de até dois anos mediante comprovação de renda mínima de US$ 1.500 mensais.
Projetos como o programa “Floripa Mais Tec” e a lei que declara Florianópolis a Capital Nacional das Startups também criam um ambiente favorável para inovação e atração de investimentos. A cidade tem investido em infraestrutura, como as zonas “Nomad Friendly” de Jurerê, que oferecem coworkings 24 horas, internet veloz e uma plataforma digital que centraliza diversas facilidades, desde pedidos de alimentação até trâmites burocráticos, como a obtenção de CPF.
Perspectivas para os próximos anos
Mantido o ritmo atual, Florianópolis deve alcançar a presença de cerca de 13 mil nômades digitais em 2030, com impacto econômico estimado em R$ 380 milhões ao ano. A cidade se colocaria no patamar de hubs internacionais renomados, como Dubai, que recebe aproximadamente 12 mil nômades por ano, além de Bali e Cidade do México.
O grande desafio daqui para frente será garantir que esse crescimento aconteça de forma sustentável, ampliando a infraestrutura, reduzindo os custos habitacionais e melhorando a integração cultural e linguística.



