Criminosos utilizam cada vez mais a inteligência artificial em fraudes
Indivíduos idosos que possuem patrimônio financeiro estão sendo visados por golpes com criptomoedas.
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro
04/11/2025 04h02 Atualizado 04/11/2025

Na última semana, participei da edição mais recente do Annual Women’s Retirement Symposium, um evento dedicado à discussão sobre proteção do patrimônio de pessoas aposentadas ou próximas da aposentadoria. O principal foco foi o crescimento das fraudes e golpes que têm como base o uso da inteligência artificial. Nos Estados Unidos, pessoas acima dos 55 anos concentram 70% da riqueza pessoal do país e se tornaram os principais alvos de criminosos cibernéticos. Acredito que o cenário no Brasil seja semelhante, tornando essas informações relevantes para nosso contexto.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Pew Research Institute, 73% dos americanos sofreram algum tipo de golpe online. Estimativas do FBI apontam que, no ano anterior, idosos nos EUA perderam cerca de US$ 4,885 bilhões, o que equivale a aproximadamente R$ 26 bilhões, representando um aumento de 43% em relação a 2023. Um aspecto preocupante é o avanço dos golpes ligados a criptomoedas, especialmente entre pessoas com idade superior a 60 anos.
Matthew Strope, coordenador da área de combate a fraudes da consultoria financeira Robinhood, alertou sobre o alto grau de sofisticacão dos golpes que usam inteligência artificial: “Um cliente recebeu uma ligação com a voz de sua neta chorando, dizendo que se envolvera em um acidente de carro. Logo depois, um suposto advogado entrou em contato solicitando dinheiro para solucionar a situação. A voz da jovem foi clonada a partir de um vídeo que ela postara em uma rede social”.
A estratégia desses criminosos explora as emoções das vítimas, criando uma sensação de urgência. Por isso, a recomendação principal é: pare, pense e busque se proteger. Esse momento de pausa ajuda a avaliar racionalmente o contexto — por exemplo, por que um advogado estaria imediatamente presente no local do acidente? Refletir permite resistir à pressão e evitar cair em armadilhas.
Instituições financeiras têm implementado ferramentas para bloquear transações consideradas suspeitas, baseadas no perfil do cliente. Porém, isso não é suficiente. A vigilância constante é essencial. Um tipo comum de fraude é o malware baseado em phishing, no qual a vítima é induzida a baixar um programa malicioso por meio de links ou arquivos infectados. O objetivo desses ataques é roubar informações, tomar o controle de sistemas ou gerar prejuízos financeiros. Exemplos típicos incluem mensagens que se passam pelo banco informando sobre bloqueio de conta ou avisos falsos dos Correios sobre encomendas retidas.
Para evitar esse tipo de golpe, é fundamental seguir algumas orientações:
- Tenha desconfiança de mensagens que transmitam urgência ou alarmismo.
- Confirme se o remetente e o domínio do e-mail são realmente oficiais.
- Não faça o download de arquivos provenientes de fontes desconhecidas.
- Mantenha o antivírus ativo e o sistema operacional atualizado.
- Ative a autenticação em duas etapas, que exige múltiplas formas de verificação para confirmar a identidade do usuário.



