Frio prolongado prejudica produção de tomate e provoca alta nos preços
Temperaturas mais baixas por um período extenso elevaram o custo de 9 kg de tomate, que passou de R$ 58 em janeiro para R$ 97 em junho, início da estação mais fria do ano.
Durante o inverno, a produção de tomates na região serrana do Espírito Santo foi impactada devido ao clima rigoroso. Segundo a Embrapa, o crescimento ideal da planta ocorre entre 15ºC e 25ºC, porém a região registrou temperaturas chegando a 6ºC.
O tempo médio para a colheita aumentou de 70 para 90 dias, e os agricultores estimam uma redução de 35% na produção em comparação com o ano anterior. Com a oferta reduzida e a demanda estável, os preços sofreram elevação considerável.
Impacto do clima sobre o cultivo do tomate na região serrana
A suave temperatura da região serrana capixaba é atrativa para turistas, mas o frio constante tem causado preocupação entre produtores. O cultivo do tomate é sensível às baixas temperaturas, o que afeta diretamente o rendimento e a qualidade do fruto.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a faixa térmica adequada para a germinação e desenvolvimento do tomateiro varia de 15ºC a 25ºC, podendo tolerar entre 10ºC e 34ºC. Contudo, em municípios como Afonso Cláudio e Venda Nova do Imigrante, que são os principais produtores do estado, as temperaturas mínimas desceram para 9,7ºC e 6,1ºC, respectivamente, muito abaixo do tolerado pelas plantas, segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Esse clima adverso prolongou o ciclo produtivo e retardou a maturação dos frutos, prejudicando a safra e resultando na diminuição da oferta no mercado, o que influencia o aumento dos preços.
Produtores relatam atraso na colheita e redução na produção
O agricultor Cássio Gobbi destacou que, naturalmente, o inverno reduz a colheita, que geralmente se inicia após 70 dias e se estende para 90 dias nesse período, diminuindo o número de vezes que a colheita ocorre por semana. No entanto, com o frio intenso e prolongado, a quantidade de frutos maduros diminuiu ainda mais.
Bruno Cesconetto, produtor de tomate-cereja, prevê que a produção deste ano seja cerca de 35% inferior à do ano passado, que foi aproximadamente 380 toneladas.
“Estamos enfrentando um inverno com temperaturas baixas duradouras; geralmente, o frio aparece em picos, mas as temperaturas se mantêm normais. Este ano, porém, os termômetros ficaram baixos por mais de 90 dias, o que reduz a colheita, prolonga o ciclo da planta e diminui a produção”, explicou Cesconetto.
Essa situação pode comprometer inclusive as vendas durante o Natal, período de maior demanda pelo tomate-cereja, já que a planta demora mais para amadurecer neste período, fazendo com que os produtores percam a janela ideal para o plantio que atenda à época festiva.
Oferta reduzida pressiona preços no mercado
O atraso na maturação provocou queda na produção de tomates durante o inverno. Bruno Cesconetto observou que a oferta ficou muito restrita, enquanto a procura permaneceu constante, elevando, assim, o valor do produto.
Em Vitória, por exemplo, o preço pago pelo consumidor por 9 kg de tomate subiu de R$ 58 em janeiro para R$ 97 em junho, conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No entanto, o aumento do preço não necessariamente implica ganhos maiores para o agricultor. Cesconetto ressaltou que, como a colheita foi menor, a receita no período acaba ficando próxima do faturamento habitual.
Estratégias para minimizar os efeitos do frio
Evaldo de Paula, extensionista do Incaper, mencionou que o cultivo do tomate requer cuidados especiais no manejo, principalmente em relação à nutrição das plantas e proteção contra pragas e doenças. Uma solução apresentada é o cultivo em estufas, que proporciona um ambiente controlado onde fatores climáticos podem ser regulados com maior eficiência.
Além disso, o extensionista ressaltou os avanços tecnológicos no campo, que contribuíram para que a região se torne uma referência nacional em qualidade, produtividade e inovação. O tomate produzido na região é amplamente aceito e distribuído em todo o estado e Brasil.