Impacto Econômico da Série de 30 Shows de Bad Bunny em Porto Rico

Impacto Econômico da Série de 30 Shows de Bad Bunny em Porto Rico

Turnê de Bad Bunny impulsiona US$ 196 milhões na economia de Porto Rico

Além das apresentações de Bad Bunny, esse montante inclui despesas com hospedagem, lembranças, transporte, refeições, bebidas e até mesmo aulas de salsa.

No Coliseo de Puerto Rico, em San Juan, Bad Bunny encerra a energética música “La Mudanza” com uma homenagem vibrante à sua terra natal, cantando “Yo soy de P f—in’ R” enquanto cerca de 18 mil fãs respondem com entusiasmo. Aproveitando esse entusiasmo, o artista está realizando uma temporada de 30 shows em San Juan, agendada para terminar em 14 de setembro, onde apresenta sucessos antigos e faixas do seu mais recente álbum, “Debí Tirar Más Fotos”. Após essa fase, ele seguirá para a América Latina, Japão e Europa durante 2026, mas sem passar pelos Estados Unidos.

O astro usa sua popularidade para divulgar a cultura porto-riquenha e movimentar a economia local em épocas de baixa temporada turística. Turnês recentes de grandes artistas, como Taylor Swift e Beyoncé, exibiram o forte apetite dos fãs por experiências que misturam shows com viagens ao exterior, gerando impactos econômicos significativos.

Nos shows “No Me Quiero Ir de Aquí” (Não Quero Sair Daqui), mais de 200 mil visitantes vindos de outras localidades devem ir a Porto Rico. Entre eles está Gina Rovirosa, que viajou de Nova York para San Juan em agosto para assistir a esse álbum ao vivo, desejando aproveitar a culinária local e celebrar a cultura da região durante seus seis dias na ilha. Diony Elias, também de Nova York, gastou cerca de US$ 7 mil para acompanhar Bad Bunny no aniversário da namorada, destacando não apenas sua admiração pelo cantor, mas o impacto social que ele gera.

Figuras públicas como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, o jogador LeBron James e o atleta Kylian Mbappé também visitaram San Juan como parte dos eventos. Para o ano seguinte, Bad Bunny planeja realizar 12 shows em estádios na Espanha, enquanto atores renomados, como Penélope Cruz e Javier Bardem, escolheram Porto Rico para apreciá-lo em seu ambiente natural. O ator Jon Hamm também marcou presença e interagiu com o público.

Com toda essa movimentação, a organização sem fins lucrativos Discover Puerto Rico projeta um impacto econômico superior a US$ 196 milhões, quantia que inclui gastos com hotéis, lembranças, transportes, alimentação, bebidas e até aulas de salsa, conforme destaca Glorianna Yamín, vice-presidente de marketing da instituição.

A influência de Bad Bunny na economia local

Jose Padin, gerente geral do Fairmont El San Juan Hotel, informou que os shows foram fundamentais para dinamizar a economia da região durante uma época normalmente mais calma. Seu hotel registrou lotação plena às sextas e sábados, com um aumento considerável nas tarifas em comparação ao ano anterior.

Durante uma apresentação em 9 de agosto, Jesus Gonzalez, que viajou com sua noiva e irmã desde Nova York para o evento, observou uma diversidade de bandeiras presentes, de países como Itália, Venezuela, Havaí e Colômbia. Ele comentou que o espetáculo parecia uma mistura de três shows: salsa, reggaeton e percussão tradicional de Porto Rico, ressaltando ainda que o público era multigeracional.

Apesar de optar por não fazer shows nos Estados Unidos, o que implica abrir mão de uma fatia de receita, Bad Bunny tem seu motivo. Durante a turnê “Most Wanted” em 2024, ele vendeu 753 mil ingressos em 49 apresentações, arrecadando US$ 211,4 milhões, segundo dados da Billboard Boxscore.

Alejandro Pabón, executivo da Move Concerts responsável pela promoção da turnê, comentou que o cantor escolheu manter a residência no Coliseo, uma decisão que “deixou dinheiro na mesa”, já que shows em locais como o Sphere em Las Vegas poderiam gerar receitas significativamente maiores. Contudo, a escolha foi consciente e não motivada por ganhos financeiros. Bad Bunny preferiu não comentar a respeito.

Essa opção também tem sido interpretada por alguns como um posicionamento político, demonstrando certa indiferença em relação aos Estados Unidos. O próprio artista afirmou, em entrevista no início do verão, que a turnê americana não era necessária, tendo já realizado viagens por todo o país em anos recentes.

Bad Bunny é conhecido por desafiar a indústria musical centrada no público anglo-americano. Ele alcançou o topo das paradas e lotou estádios com álbuns totalmente em espanhol, como “Un Verano Sin Ti” e “Nadie Sabe Lo Que Va a Pasar Mañana”, feitos que muitos executivos da indústria consideravam impossíveis.

Seu álbum “Debí Tirar Más Fotos” também foi um grande sucesso, permanecendo por quatro semanas como número um na parada de álbuns da Billboard neste ano, reunindo o reggaeton renovado de Bad Bunny com elementos tradicionais porto-riquenhos que agradam diferentes gerações.

Nannette Mariela García Navas, criadora do pôster do show que homenageia a infância em Porto Rico, conta que até seus pais passaram a ouvir o cantor, mesmo sem serem originalmente fãs, e que familiares mais velhos chegaram a cantar as músicas dele em karaokês.

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