Imposto Sobre Dividendos Impacta Mercado e Impulsiona ETFs de Dividendos

Imposto Sobre Dividendos Impacta Mercado e Impulsiona ETFs de Dividendos

Imposto sobre dividendos na Bolsa impulsiona interesse em ETFs de dividendos para 2026

A aplicação de uma tributação de 10% sobre os dividendos pagos por ações, sancionada recentemente, tem provocado mudanças nas estratégias de remuneração das companhias listadas na Bolsa para o ano de 2026. Embora o tributo incida apenas sobre rendimentos que ultrapassem R$ 50 mil por mês ou R$ 600 mil ao ano, o mercado já observa um movimento dos investidores em busca de alternativas para gerar renda passiva e ampliar a diversificação de seus portfólios, levando os ETFs de dividendos a ganharem maior atenção.

Igualdade tributária entre ações e ETFs traz novas dinâmicas para o mercado

Especialistas ouvidos destacam que a nova tributação promove uma equiparação entre os investimentos em ações e em ETFs que pagam dividendos, mas levantam questões sobre o real impacto disso no ambiente financeiro. Fundos de índice (ETFs) vinculados a carteiras de ativos negociados na Bolsa, especialmente os que dividem lucros regularmente, foram lançados em 2023, contudo, tiveram crescimento discreto devido à cobrança de 15% de imposto sobre seus proventos, o que limitou a expansão do segmento, mesmo em um país onde os dividendos são bastante valorizados.

O gestor Renato Eid Tucci, do Itaú Asset Management, comenta que embora a tributação de 10% sobre dividendos altos iguale a carga fiscal entre ações e ETFs, o desafio principal está em convencer investidores a adotar ETFs de dividendos. Ele destaca três benefícios dessa modalidade: a seleção criteriosa das ações que compõem o fundo, a diversificação que o ETF proporciona ao reunir múltiplas pagadoras de dividendos e o fluxo constante de receita, uma vez que ETFs permitem distribuição mensal regular, independente dos calendários individuais das empresas.

De acordo com Andrés Kikuchi, CIO da Nu Asset e gestor do NDIV11, essa isonomia fiscal é incompleta pois, para ele, ela deveria ocorrer por meio da isenção tributária, permitindo à escolha baseada no mérito dos produtos e não pela tributação extra. Ele ressalta que a cobrança de 10% nos dividendos das ações pode não gerar um fluxo relevante para os ETFs de dividendos, tornando o cenário ainda incerto. Já Renato Nobile, da Buena Vista Capital, adota uma postura mais cética, afirmando que a tributação para dividendos acima de R$ 50 mil cria mais confusão do que realmente gera movimento para os ETFs, e não visualiza possibilidade de redução do imposto de 15% sobre os rendimentos dos ETFs.

Aspectos tributários favorecem eficiência dos ETFs de dividendos

Um ponto crucial para entender a atratividade dos ETFs de dividendos é a forma como eles são tributados. Os dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) recebidos pelos fundos são isentos de impostos, sendo a tributação aplicada apenas no momento da distribuição aos cotistas, com alíquota de 15%. Isso evita a bitributação e configura uma vantagem fiscal para esses fundos em comparação ao investimento direto em ações.

Leonardo Maranhão, especialista em ETFs e sócio da Invés Finance, ressalta a eficiência fiscal do reinvestimento dos JCPs dentro dos fundos, o que proporciona diferimento tributário e aumenta a eficiência dos ETFs, especialmente quando as ações distribuem grande parte de seus lucros por meio dessa modalidade.

Perspectivas otimistas para os ETFs de dividendos em 2026

Mesmo com o cenário político de um ano eleitoral, juros elevados e novas regras tributárias, gestores consultados acreditam que 2026 será o ano da consolidação dos ETFs que pagam dividendos. Kikuchi destaca que o mercado seguiu lançando produtos neste segmento em 2025, impulsionado também pela atuação dos assessores de investimento que buscam soluções eficientes e de baixo custo para seus clientes, fenômeno similar ao observado no exterior.

Na Nu Asset, há o plano de amadurecer o patrimônio do NDIV11 antes de lançar novos ETFs focados em renda no próximo ano. Desde seu lançamento, o NDIV11 já acumula um retorno superior ao Ibovespa e atingiu um número expressivo de cotistas em seu primeiro ano. Renato Eid complementa que o número de investidores e o volume sob gestão devem crescer com mais força em 2026.

Renato Nobile relaciona o crescimento esperado da indústria a fatores como maior familiarização com a classe de ETFs, a busca por diversificação em ano eleitoral, a expectativa de redução dos juros e entrada de grandes gestoras no segmento. Ele projeta migração de investidores que estavam em multimercados e fundos de ações para ETFs focados em proventos.

O analista Danilo Moreno, da Investo, também vê esse ano como uma ótima oportunidade para os ETFs de dividendos, que combinam eficiência, transparência e custos reduzidos. Ele reforça o papel dos assessores e consultores financeiros na promoção dessa modalidade, destacando produtos da gestora que indicam exposição a setores como bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações, com distribuição mensal de dividendos.

Teses e produtos que ganham preferência entre investidores

Dados da B3 e da Economatica apontam que os ETFs com dividendos sintéticos, que combinam exposição a bitcoin e ao índice S&P 500, lideram a preferência dos investidores. Destacam-se também fundos como o NDIV11 do Nubank e QQQI11, que expõe o investidor às ações de tecnologia do Nasdaq 100.

Opinião de analistas para 2026

Para Leonardo Maranhão, os ETFs que geram dividendos sintéticos, como os da Buena Vista que distribuem resultados via opções, oferecem diversificação internacional e ganhos tributários interessantes, especialmente em um ano eleitoral. A analista Priscilene Nunes, da Ticker Research, aponta o COIN11 e o QQQI11 como as principais apostas para 2026, com estimativas de dividend yield entre 20% a 24% para o primeiro e 12% a 15% para o segundo. Destaca o COIN11 por sua forte liquidez e potencial de geração de renda recorrente mesmo em mercado volátil.

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