Investidores Internacionais Podem Entrar No Brasil Com Dois Gatilhos Essenciais

Investidores Internacionais Podem Entrar No Brasil Com Dois Gatilhos Essenciais

Investidores internacionais podem ampliar investimentos no Brasil, mas dependem de dois fatores, afirma BR Partners (BRBI11) após IPO na Nasdaq

O mercado brasileiro tem registrado novas máximas na bolsa de valores e valorização do real em relação a outras moedas, graças, em grande parte, à entrada de capital estrangeiro. Segundo dados da B3, os investidores estrangeiros já injetaram R$ 24,2 bilhões no país somente neste ano.

Essa melhora na percepção dos investidores globais em relação ao Brasil foi destacada por Vinicius Carmona, diretor de relações com investidores da BR Partners (BRBI11). Na semana anterior, o banco realizou seu IPO na Nasdaq, a bolsa americana de tecnologia, buscando captar recursos junto a fundos dos Estados Unidos.

Antes da abertura de capital, Carmona fez diversas visitas a fundos de investimentos importantes nos EUA, passando por Nova York, Salt Lake City (Utah), Miami — que abriga investidores focados na América Latina — e Boston, além de uma viagem para Montreal, no Canadá, onde há portfólios dedicados a mercados emergentes.

Segundo Carmona, o Brasil perdeu representatividade nos portfólios internacionais. Enquanto no passado os ativos brasileiros representavam entre 10% e 15% dos investimentos globais, hoje essa participação gira em torno de 2% a 5%, chegando até a cifras menores.

Ele aponta que parte significativa dos investimentos externos tem ido para a Ásia, com destaque para China e Índia, e isso obriga o Brasil a agir de forma mais ativa, divulgando suas boas oportunidades de crescimento.

Brasil atrai investidores, mas precisa de dois impulsionadores

Na opinião do executivo, os investidores americanos têm uma visão favorável sobre o Brasil, principalmente por enxergarem o país como uma opção de investimento barata. A plataforma Oceans 14 indica que o indicador preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa está em 9,37 vezes, abaixo da média histórica de 10,9 vezes e inferior ao cenário da crise econômica de 2015, durante o governo Dilma Rousseff.

Carmona relata que há consenso de que os ativos brasileiros estão negociados a múltiplos historicamente baixos, incluindo empresas com gestão eficiente e boa governança corporativa. Entretanto, ele ressalta que dois fatores são essenciais para transformar esse interesse em um fluxo maior de recursos internacionais.

O primeiro deles é a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). Na semana anterior, o banco central americano cortou a taxa em 0,25 ponto percentual e indicou a possibilidade de mais dois cortes futuros. Esse movimento já refletiu positivamente na bolsa brasileira em setembro, sinalizando o início de uma política monetária mais expansionista.

O segundo fator é mais complexo e está relacionado à situação macroeconômica do Brasil. Os investidores estrangeiros ainda demonstram preocupações com o cenário fiscal e político do país, especialmente em função das incertezas sobre as eleições.

Carmona destaca que o contexto atual é mais favorável do que em 2014, quando o PIB encolhia em torno de 3% ao ano. Hoje, o crescimento está entre 2,5% e 3%, o desemprego atinge níveis históricos baixos, perto de 6%, e a inflação está sob controle. Porém, dúvidas quanto à dívida pública e à política fiscal permanecem como barreiras para a entrada de mais recursos estrangeiros.

Comparado a outros mercados emergentes como China e Índia, o Brasil ainda está cotado com desconto, o que mostra uma oportunidade clara para investimentos. Porém, a intensidade da entrada de capital dependerá da definição mais clara do cenário eleitoral. Caso haja transparência, existe potencial para um rali consistente. Caso contrário, o fluxo pode se mostrar volátil, com rápidas entradas e saídas de investimentos.

Impacto das relações políticas entre Brasil e EUA

Quanto ao recente desgaste nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, em meio a desentendimentos entre Donald Trump e o ministro Alexandre de Moraes, Carmona observa que essa questão tem sido mencionada nas conversas, porém mais sob a perspectiva de tensões políticas do que como uma ameaça direta econômica, como por exemplo a imposição de tarifas.

Ele avalia que, embora o investidor internacional esteja atento à polarização política e à possibilidade de escalada dessas tensões, isso ainda não representa um fator decisivo para suas decisões de investimento.

Desempenho da BR Partners após o IPO

Desde o IPO na Nasdaq, a ação da BR Partners teve valorização de 25%. Carmona relata que os investidores estrangeiros demonstraram forte receptividade e que esta foi a rodada mais bem-sucedida junto a fundos globais desde a abertura da empresa.

O interesse renovado em small caps também é destacado, com esse segmento superando o Ibovespa em valorização no ano — o índice de small caps registrou alta de 30% contra 22% do Ibovespa. Segundo Carmona, com juros elevados, os fundos locais ficaram retraídos, reduzindo seu apoio aos small caps, mas agora, com a queda dos juros e o retorno do interesse dos investidores estrangeiros, esse movimento tem se intensificado.

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