Jovens empreendedores transformam áudio e figurinha em pedidos de vendas via WhatsApp
A startup brasileira Sharpi está revolucionando as vendas informais no mercado B2B ao digitalizar processos que antes eram caóticos. Recentemente, a empresa captou US$ 1 milhão em investimentos provenientes de fundos como MAYA Capital e dos fundadores da Stone, Vtex e iFood.
Com mais de R$ 250 milhões processados em sua plataforma, a Sharpi desenvolveu um copiloto digital que monitora discretamente as conversas entre vendedores e clientes no WhatsApp. Estima-se que aproximadamente 96% dos brasileiros possuam o aplicativo em seus dispositivos, tornando-o um canal essencial para negociações, ainda que a organização das vendas seja frequentemente manual e suscetível a erros.
Segundo os fundadores Alexandre Philippi e Kim Rawicz, a tecnologia da Sharpi compreende pedidos formulados de forma informal, incluindo áudios, gírias, imagens e até figurinhas contendo informações como CNPJ. Esta solução automatiza a transformação dessas interações em dados estruturados, economizando até três horas diárias de trabalho manual e acelerando o processamento dos pedidos em até oito vezes.
Origem e trajetória dos fundadores
Kim Rawicz, atualmente com 23 anos, iniciou sua jornada empreendedora ainda na infância, passando por diversas iniciativas, desde uma produtora de documentários até uma confeitaria delivery de sucesso no Rio de Janeiro. Sua busca por escalabilidade o motivou a ingressar no setor tecnológico, identificando em 2022 a preferência de restaurantes por pedidos via WhatsApp como oportunidade para inovação.
Alexandre Philippi, de 28 anos e formado em engenharia, com experiência em startups no Vale do Silício e vencedores de hackathons, juntou-se à Sharpi em 2023, contribuindo para a estruturação do produto atual. Ambos os empreendedores fundamentaram a criação da Sharpi em mais de 200 dias de imersão junto a vendedores, entendendo minuciosamente suas rotinas e desafios.
Funcionamento da plataforma Sharpi
A ferramenta automatiza as vendas informais realizadas pelo WhatsApp, funcionando como um copiloto que interpreta e registra os pedidos em segundos, mesmo que estejam escritos com erros ou regionalismos. Antes da automação, vendedores gastavam de duas a quatro horas diárias inserindo dados manualmente em sistemas ERP, e em alguns casos, pedidos que consumiam até oito horas foram reduzidos para 30 minutos.
Além disso, a adoção da tecnologia não requer treinamento, pois o sistema aprende continuamente com as interações do time comercial, corrigindo e aprimorando sua inteligência artificial de forma autônoma. A plataforma é capaz de interpretar diferentes formatos, incluindo áudios, fotos e figurinhas, mesmo quando apenas emojis ou stickers com CNPJ são enviados.
Complementando o copiloto, a Sharpi disponibiliza um CRM autônomo que atualiza automaticamente o funil de vendas com base no comportamento dos clientes nas conversas, organizando cotações, pedidos e reativações sem necessidade de intervenção manual.
Monica Saggioro, sócia da MAYA Capital, destaca a eficiência da solução: “A Sharpi é uma daquelas raras startups cujo produto funciona imediatamente e engaja fortemente seus usuários. Um cliente chegou a afirmar que, sem a ferramenta, haveria revolta em sua equipe”.
Perspectivas e mercado
Atualmente, a Sharpi atende clientes como Mantiqueira, Bold Snacks e Casas Pedro, com a plataforma processando R$ 250 milhões em transações e uma projeção de chegar a R$ 1 bilhão até o final de 2026.
Embora existam concorrentes indiretos como Yalo e Idwall, que oferecem agentes de vendas digitais e sistemas de identificação, a Sharpi se diferencia por operar silenciosamente nos bastidores, sem alterar a forma como o time comercial trabalha ou exigir adaptação dos clientes.
Com os recursos da última rodada de investimentos, a empresa pretende desenvolver funcionalidades proativas, como mensagens automáticas para reativação de clientes, sugestões personalizadas de pedidos baseadas em histórico e, futuramente, incorporar opções de pagamento direto pela plataforma.
O objetivo financeiro é alcançar uma receita recorrente anual (ARR) de R$ 6 milhões até o final de 2026, consolidando sua presença no mercado de automação de vendas via WhatsApp para pequenas e médias empresas no Brasil.



