Criptomoedas alternativas registram perda de US$ 200 bilhões com saída de investidores de varejo
O mercado das criptomoedas, especialmente aquelas conhecidas como altcoins, enfrenta uma queda significativa em 2025. Um índice selecionado pela MarketVector, que monitora 50 tokens de médio e pequeno porte, mostra uma desvalorização próxima de 70% no ano, chegando ao patamar mais baixo desde o início de 2020. Desde o ápice, as altcoins sofreram redução de aproximadamente US$ 200 bilhões em valor de mercado.
Essa retração está associada à retirada dos investidores de varejo que, até pouco tempo atrás, alimentavam a ascensão desses ativos digitais. Moedas que ganharam popularidade nas últimas temporadas, como o dogecoin, caíram pela metade desde seus picos, indicativo claro da perda de interesse desse público individual.
Fadiga dos investidores e maior competição
Uma das razões para o esvaziamento do interesse nas altcoins é a diversificação crescente das alternativas para investidores de varejo. A competição por capital agora inclui opções como ações especulativas de tecnologia, opções financeiras alavancadas, mercados de previsão e produtos financeiros que buscam ganhos rápidos com menor volatilidade em comparação às criptomoedas mais arriscadas.
Enquanto antes a especulação girava em torno da dinâmica do “maior tolo” — onde novos compradores elevavam os preços simplesmente pelo volume de entrada —, essa estratégia parece ter se esgotado. Atualmente, investidores avaliam ativos digitais com critérios mais tradicionais, considerando fatores como base de usuários, geração de receita e funcionalidade.
Mudança no perfil do mercado cripto
Conforme aponta Shuyao Kong, desenvolvedora da plataforma Megaeth, a valorização de muitos tokens ocorria principalmente devido a ciclos de mercado e não a resultados concretos. Com a presença de participantes diversos, desde cypherpunks até instituições financeiras tradicionais, o mercado se tornou mais complexo e menos dominado por narrativas puramente especulativas.
As altcoins abrangem uma variedade de categorias, incluindo memecoins, projetos de finanças descentralizadas e tokens associados a governança comunitária, que prometem participação nas decisões de desenvolvimento dos projetos. Contudo, a liquidez desses ativos é geralmente limitada a mercados de baixa profundidade, o que torna seu valor muito suscetível às movimentações rápidas de capital, impulsionadas por especuladores de curto prazo e impactos de redes sociais.
Novas tendências e produtos financeiros
Esse contexto mudou o comportamento do investidor, que agora opta por alternativas consideradas mais seguras ou com maior familiaridade, como fundos de ações e contratos de opções. No ambiente blockchain, surgem produtos que replicam futuros de ações reais, possibilitando a negociação de títulos ligados a empresas consolidadas como Apple, Nvidia e Tesla, com acessibilidade constante, todos os dias da semana.
Um reflexo dessa transformação é a queda acentuada nos volumes diários de negociações de derivados de altcoins na plataforma Hyperliquid desde o episódio de colapso do mercado ocorrido em outubro de 2025. Enquanto isso, mercados de previsão, como o Polymarket, têm registrado níveis recordes de atividade, evidenciando a migração do capital especulativo para novos segmentos.
