Estratégia ‘cirúrgica’ da GPT para integração de negócios com a Kepler Weber (KEPL3)
A Kepler Weber (KEPL3) recebeu no início de novembro uma proposta não vinculante da Grain & Protein Technologies (GPT) para a possível fusão ou associação de negócios, estabelecendo um prazo de exclusividade de 90 dias para negociações.
Com sede global em Illinois, nos Estados Unidos, a GPT ofereceu o valor de R$ 11 por ação da companhia brasileira de armazenagem de grãos, o que equivale a um ágio de 48,3% sobre o preço médio ponderado por volume (VWAP) das ações da Kepler Weber nos 60 dias que antecederam a concessão da exclusividade pela empresa, em 16 de outubro de 2025.
Antes dessa proposta ser divulgada oficialmente, circularam rumores de que a Bunge estaria interessada na participação da Trígono Capital, que administra investimentos em small caps e controla cerca de 15,3% das ações da Kepler Weber.
Werner Roger, CIO da Trígono Capital, declarou que a gestora não colocou suas ações à venda e negou qualquer contato com a Bunge. Ele afirmou ao Money Times que a informação era falsa e que tais notícias geram reflexos indevidos no valor das ações.
Em relação à iniciativa da GPT, Werner destacou que a ação da empresa estadunidense aconteceu de maneira muito precisa e estratégica. Durante os 90 dias de exclusividade, a Kepler Weber fica impedida de negociar com outros interessados ou realizar operações fora de suas atividades rotineiras.
Segundo Roger, a proposta surgiu em um momento oportuno para potenciais compradores, especialmente devido às taxas de juros elevadas, preços baixos das commodities agrícolas e resultados estáveis da Kepler, além do valor deprimido da ação. Ele ressaltou que o preço de R$ 11 por ação serve como referência e não como uma oferta definitiva, envolvendo expectativas de sinergia com os negócios atuais e projeções de ganhos futuros.
Histórico do interesse da GPT na Kepler Weber
O interesse da GPT, anteriormente conhecida como GSI, pela Kepler Weber não é novidade. Em 2007, a GSI tentou adquirir o controle da empresa brasileira.
Werner Roger lembrou que o Conselho de Administração da Kepler havia aprovado a proposta na época, porém a operação não evoluiu devido à falta de consenso entre acionistas. Os principais acionistas vendedores possíveis eram o Banco do Brasil e a Previ, que juntos detinham cerca de 31% da Kepler Weber e demonstravam interesse em vender suas participações.
Entretanto, a proposta da GSI tinha como condição obrigatória o fechamento de capital, o que não ocorreu, fazendo com que o negócio fosse cancelado.
Em 2021, a AGCO comprou as operações internacionais da GSI por US$ 940 milhões e, em 2024, vendeu a divisão de armazenagem de grãos para o fundo de private equity AIP. A GSI era parte da divisão Grain & Protein da AGCO e, após a aquisição pela AIP, tornou-se uma companhia independente, adotando o nome Grain & Protein Technologies (GPT).
O novo nome reflete melhor o escopo global da empresa, que mantém a marca GSI e outras dentro de seu portfólio, embora a controladora agora seja a GPT.



