A Nord adota modelo fee based e projeta patrimônio de R$ 22 bilhões até 2027
A Nord Investimentos, fundada originalmente como uma casa de research independente em 2018, tem direcionado seus esforços para expandir sua área de wealth management nos últimos anos. Desde a implantação do modelo fee based, que consiste na cobrança de uma taxa sobre o patrimônio sob consultoria, há quatro anos, a empresa acumulou R$ 8 bilhões em ativos assessorados.
De acordo com Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord, em entrevista à Bloomberg Línea, a expectativa agora é acelerar esse crescimento exponencialmente, alcançando R$ 10 bilhões até o final de 2025, R$ 16 bilhões em 2026 e R$ 22 bilhões ao fim de 2027.
Vantagens e contexto do modelo fee based
Fontes destacou que essa perspectiva de expansão está alinhada ao momento atual do mercado, que começa a valorizar as vantagens do modelo fee based frente ao sistema tradicional atrelado à venda de produtos financeiros, no qual os assessores recebem comissões e por vezes recomendam alternativas que são mais vantajosas para eles do que para os clientes.
Um dos fatores que impulsiona o modelo fee based é a resolução 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que passou a vigorar em novembro de 2024. Essa regra obriga as corretoras, assessores e intermediários a divulgar trimestralmente relatórios com detalhes transparentes sobre taxas e comissões recebidas, aumentando a clareza para os investidores.
No modelo de assessoria tradicional, a venda de produtos financeiros é foco e pode gerar conflitos de interesse. Já a consultoria fee based prioriza análises detalhadas e personalizadas, segundo a sócia-fundadora da Nord.
Estratégia de crescimento e foco em tecnologia
A Nord planeja que cerca de 60% do patrimônio sob administração venha da área de wealth voltada ao cliente final (B2C), enquanto os outros 40% devem originar-se do segmento B2B, que atende assessores e escritórios interessados em migrar para o modelo fee based, muitos deles localizados fora dos grandes centros urbanos.
Fonte afirmou que a empresa está investindo fortemente em soluções tecnológicas, incluindo inteligência artificial e gestão avançada de dados, para oferecer recomendações integradas à carteira dos clientes, buscando combinar personalização com escalabilidade.
Pesquisa como base do negócio
Embora o foco em wealth management cresça, a análise de mercado permanece como o núcleo do ecossistema da Nord. Para Fontes, o research é o primeiro contato do investidor com a empresa e o principal canal pelo qual clientes acompanham as orientações de investimento.
Fundada por Marilia Fontes, Renato Bréia e Bruce Barbosa, a Nord consolidou-se como a única grande casa de research independente da década passada, mantendo-se afastada de parcerias com grandes grupos financeiros, ao contrário de outras empresas adquiridas ou associadas a corporações maiores.
A empresa trabalha com alocações em produtos financeiros de grandes players do mercado, como BTG Pactual e XP, sendo reconhecida pela performance nestas parcerias.
Perfil do cliente e soluções oferecidas
O perfil do cliente Nord é uma pessoa física com patrimônio superior a R$ 1 milhão, segmento que geralmente não recebe atenção personalizada dos grandes bancos, os quais focam em clientes com fortunas acima de R$ 20 milhões. O ticket médio dos clientes da Nord gira em torno de R$ 4 milhões.
O modelo de wealth management da Nord permite maior proximidade e controle para o investidor, que aprova diretamente as operações recomendadas por seus consultores. Além disso, para aqueles que preferem transferir a gestão, a empresa criou uma gestora em 2020 que administra carteiras e replica as recomendações da casa de análise, acessível a clientes com investimentos abaixo de R$ 1 milhão. Atualmente, essa carteira administrada representa de 5% a 10% do patrimônio total da Nord.
Modelo de taxas e vantagens sobre fundos tradicionais
Fontes observa que o modelo de consultoria utilizada pela Nord pode ser uma alternativa para investidores que desprezam fundos multimercados, especialmente pela redução das altas taxas tradicionais, como as conhecidas “2 com 20” (2% de taxa de administração e 20% sobre o que exceder o benchmark), que perderam popularidade devido aos baixos retornos recentes.
Nas carteiras administradas pelo modelo fee based, as taxas são geralmente mais baixas, variando de 0,35% a 1%, conforme o volume investido, e oferecem acesso direto aos produtos, mantendo uma gestão profissionalizada de forma mais econômica.



