Planejamento Financeiro: O Segredo da Aposentadoria de Craques da Série A

O Que a Sua Aposentadoria Tem em Comum com a de um Jogador da Série A

O planejamento financeiro é o ponto de conexão entre atletas milionários e a população em geral na busca por uma aposentadoria antecipada. Especialistas explicam como trilhar esse caminho com sucesso.

Início de uma trajetória financeira sólida

Para os amantes do futebol, sonhar em ser um craque de Série A é comum, imaginando gols decisivos e uma carreira de sucesso. Contudo, a realidade para atletas é que a duração da carreira é curta, com poucos mantendo-se em campo após os 35 anos, mesmo com os avanços da medicina. Independentemente de sermos atletas ou pessoas comuns, o desejo é o mesmo: uma aposentadoria confortável, preservando o padrão de vida, idealmente antecipada.

Alcançar essa meta exige disciplina e um planejamento rigoroso. Quanto mais cedo começar a poupar e investir, maiores as chances de sucesso, mesmo com um tempo reduzido para acumular patrimônio. Especialistas oferecem orientações para estabelecer um caminho eficaz, aplicável tanto para jogadores de alto rendimento quanto para qualquer pessoa.

A meta financeira dos atletas da Série A

De acordo com um levantamento da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), um jogador da Série A do futebol brasileiro precisa acumular cerca de R$ 107,5 milhões ao longo da carreira, iniciando aos 20 anos, para manter seu estilo de vida após a aposentadoria. Esse valor geraria uma renda anual aproximada de R$ 4,3 milhões, que corresponde à média salarial da elite do futebol nacional, implicando uma poupança anual de cerca de R$ 4,14 milhões.

Embora poucos recebam salários tão expressivos, o princípio se aplica para todos: quanto antes começar a guardar dinheiro, melhor será o retorno devido aos juros compostos, como ressalta Sharon Halpern, planejadora financeira da Blackbird. Infelizmente, muitas pessoas só passam a pensar em poupar por volta dos 35 a 40 anos, um momento em que planejar se torna mais urgente, mas também mais difícil, segundo especialistas.

Para os atletas, essa preparação deve começar ainda cedo, muitas vezes entre 12 a 18 anos, conforme orientações da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), período em que começam suas carreiras profissionais.

Rogério Nakata, responsável pelos cálculos da Planejar, destaca que altos ganhos não garantem segurança financeira se não forem bem administrados. Segundo ele, o verdadeiro desafio está na gestão consciente dos recursos para transformar a receita em patrimônio sólido. Quem adopta essa postura desde cedo conquista uma vantagem significativa, tanto dentro quanto fora do campo.

Para trabalhadores comuns, o valor a ser poupado varia conforme a renda e o objetivo de aposentadoria, mas a disciplina mensal de poupança é essencial, aconselha Sharon Halpern. Estratégias como automatizar a separação de parte da renda líquida já no momento do recebimento, construir uma reserva emergencial com liquidez imediata e diversificar investimentos são recomendadas pela Planejar.

Produtos como Tesouro IPCA+, CDBs, previdência privada, fundos imobiliários e imóveis para aluguel figuram como opções de investimentos sólidos. Automatizar aportes ajuda a manter a consistência financeira mesmo diante de distrações e imprevistos do dia a dia.

Preparação detalhada para a aposentadoria

Assim como no futebol, quem planeja se aposentar antecipadamente precisa estudar o cenário e os desafios à frente. É vital determinar a idade desejada para a aposentadoria, o estilo de vida esperado, o local para morar e se pretende deixar patrimônio para herdeiros.

Sharon Halpern ressalta a importância de definir se vai continuar trabalhando ou não após a aposentadoria, além de fazer uma previsão detalhada dos gastos, contemplando despesas fixas e variáveis.

Thiago Picanço, analista financeiro da Reach Capital, acrescenta que considerar a expectativa de vida é fundamental, mesmo que isso ainda seja um tema delicado. A utilização de simulações como a de Monte Carlo, comum em assessorias financeiras, ajuda a modelar cenários que envolvem a longevidade do indivíduo e eventuais mudanças econômicas, oferecendo várias perspectivas para garantir segurança.

Com esses dados, é importante avaliar a situação financeira atual, entendendo os limites de gastos e o montante necessário para poupança. Planejar com foco no longo prazo é mais valioso do que escolher isoladamente opções de investimento.

Contemplando imprevistos no planejamento

No futebol, imprevistos como lesões ou expulsões exigem adaptações rápidas. De forma análoga, no planejamento financeiro para aposentadoria, é preciso se preparar para acontecimentos inesperados. Carlos Castro, planejador da Planejar, recomenda manter uma margem de segurança para lidar com essas surpresas.

A inflação é outro fator a considerar, pois pode variar até a aposentadoria, impactando os custos futuros. Utilizar o juro real da economia para calcular o montante necessário é uma forma conservadora de proteger o patrimônio, segundo Castro. Direcionar investimentos que rendem acima da inflação é recomendável para preservar o poder de compra.

Além da carteira de investimentos, é importante pensar em seguros, como o de vida, que protegem contra despesas inesperadas causadas por doenças graves ou outros eventos. Sharon Halpern destaca que isso pode evitar que o planejamento inicial se torne insuficiente para cobrir essas despesas.

Para atletas, a organização financeira é essencial. Thiago Picanço afirma que quem deixa o planejamento para depois corre o risco de perder o controle das finanças, transformando sua vida em um barco sem direção, suscetível a naufrágios.

Evitando riscos excessivos próximo à aposentadoria

Conhecer os desafios e inimigos no campo é crucial para um jogador, assim como na vida financeira é fundamental ter atenção aos riscos, especialmente conforme a aposentadoria se aproxima. À medida que a fase de utilização do patrimônio inicia, ou seja, quando as economias começam a ser consumidas, a exposição a riscos deve ser menor para evitar perdas irreparáveis, alerta o planejador da Planejar.

Para quem busca alta rentabilidade, o ideal é assumir maiores riscos no início da jornada de acumulação e ir adotando uma postura conservadora à medida que o momento de aposentadoria se aproxima. Dessa maneira, o patrimônio é protegido, permitindo manter o padrão de vida sem depender de ganhos arriscados.

Durante o percurso, diversos obstáculos podem surgir, desde gastos impulsivos até escolhas financeiras equivocadas. Por isso, Halpern recomenda planejamento detalhado e alerta para o aumento dos gastos após a aposentadoria, que podem crescer rapidamente com o tempo livre disponível.

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