Plano Estratégico Petrobras: Expectativas e Novidades Para os Próximos Anos

Plano Estratégico Petrobras: Expectativas e Novidades Para os Próximos Anos

Petrobras divulga novo plano estratégico para o período de 2026 a 2030; principais expectativas

A Petrobras (PETR4) está prestes a revelar seu plano estratégico para os próximos cinco anos, contemplando o período de 2026 a 2030, que deve apresentar investimentos mais contidos, com um capex estimado entre US$ 105 bilhões e US$ 110 bilhões, conforme analisado por especialistas. O documento está programado para ser examinado pelo conselho da empresa nesta quinta-feira (27).

O ajuste em relação ao plano vigente, que previa cerca de US$ 111 bilhões em investimentos, está relacionado à queda de aproximadamente 15% no preço do barril do petróleo tipo Brent desde a elaboração do último documento. A maioria dos analistas acredita que essa revisão sinaliza uma maior disciplina financeira na Petrobras, especialmente diante do ano eleitoral que se aproxima.

Segundo a agência Bloomberg, o preço projetado do Brent deve ser reduzido do atual patamar de US$ 83 para uma faixa entre US$ 60 e US$ 65. De acordo com Ricardo Trevisan, CEO da Gravus Capital, essa estimativa é conservadora e funciona como uma margem de segurança, pois caso o valor do petróleo ultrapasse essa faixa, a empresa terá receitas adicionais; se estiver abaixo, o plano ainda será financeiramente viável.

A Petrobras conta com o incremento da produção para compensar o impacto da redução nos preços do petróleo, investindo na entrada em operação de novas plataformas. Essa estratégia, conforme Trevisan, ajuda a preservar o fluxo de caixa e fortalece a capacidade da companhia de continuar distribuindo dividendos.

Ele ressalta que a redução no plano plurianual não altera a direção estratégica da empresa, mas pode resultar na distribuição de bilhões extras de dividendos ao longo dos anos, desde que sejam mantidos o controle de custos e a eficiência operacional.

Conforme opinam os analistas, os cortes nos investimentos devem focar principalmente em projetos de exploração em áreas consideradas secundárias e em determinados empreendimentos na área de refino, enquanto a agenda de transição energética deverá ser preservada em maior grau. O pré-sal permanece como elemento central do planejamento, dada sua elevada lucratividade e papel relevante na geração de caixa.

O risco de subinvestimento é particularmente relevante na margem equatorial, uma nova área exploratória que demanda investimentos intensos e pode sofrer prejuízos caso suas atividades sejam reiteradamente adiadas.

Visão da Genial Investimentos

Para a Genial Investimentos, a decisão de um plano mais enxuto está alinhada à perspectiva de preços menores do petróleo, reduzindo o risco de perda de valor decorrente de projetos menos rentáveis. Embora isso possa limitar a velocidade da diversificação e do avanço em fontes renováveis, a empresa considera isso um aspecto positivo. O principal desafio apontado pelos analistas da casa é conciliar um capex menor com as metas de produção e a manutenção das reservas.

Perspectivas relacionadas aos dividendos e possível surpresa positiva

O banco Itaú BBA destaca que os investidores devem acompanhar de perto o comportamento do cash capex, que representa o investimento efetivamente desembolsado durante o ano. A instituição também aponta para uma possível surpresa positiva em relação ao Opex, gasto operacional da empresa.

O banco observa que, no plano anterior, a Petrobras estimava que o capex “limpo” dos efeitos de leasing — isto é, o investimento sem considerar contratos de arrendamento de plataformas — corresponderia a cerca de 75% do capex total. Nos trimestres recentes, no entanto, essa proporção está mais próxima de 90%.

O mercado espera que o plano apresente uma detalhamento anual sobre o cash capex, em vez de apenas valores agregados para o quinquênio, dado que esse item é fundamental para as projeções de dividendos.

O Itaú BBA também ressalta que as atuais projeções de investidores não consideram cortes no Opex, de modo que qualquer indicação nesse sentido no plano será vista positivamente.

Impacto do plano nas ações da Petrobras

De acordo com o Bradesco BBI, o novo plano estratégico provavelmente terá um impacto limitado como catalisador para as ações da Petrobras, visto que não prevê transformações estruturais significativas, embora possa trazer uma curva de produção mais robusta.

Os analistas Vicente Falanga e Ricardo França também afirmam que investidores estrangeiros têm intensificado questionamentos sobre o futuro da Petrobras em função das incertezas geradas pelo cenário eleitoral brasileiro.

Segundo o BBI, alguns fundos estão preparados para ampliar posições no início de 2026, avaliando o equilíbrio entre risco, retorno financeiro e a possibilidade de mudança na administração governamental.

A diretoria da estatal mantém um posicionamento cauteloso. Fernando Melgarejo, diretor financeiro da Petrobras, afirmou recentemente que não pretende sugerir modificações na política de dividendos nem alterar o teto de endividamento, atualmente fixado em US$ 75 bilhões, com o saldo atual em torno de US$ 71 bilhões.

Melgarejo ressaltou que o momento exige prudência tanto na distribuição de proventos quanto na condução de processos de fusões e aquisições, os quais só ocorrerão se gerarem valor e fluxo de caixa sustentável. Além disso, destacou que a produção será o principal motor operacional no curto prazo, com expectativa de 2025 finalizar dentro da faixa projetada (guidance) para produção.

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