Brasil atinge pleno emprego com menor índice de informalidade e aumento da renda dos trabalhadores
Nos últimos seis anos, o Brasil conseguiu incorporar 8 milhões de trabalhadores com carteira assinada ao mercado formal, enquanto a informalidade cresceu apenas em cerca de 670 mil pessoas. A taxa de desemprego atingiu seu nível mais baixo da história, em 5,6% no mês de julho, consolidando um cenário de pleno emprego com mais de 102 milhões de brasileiros ocupados, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados por Bruno Imaizumi, economista da 4intelligence.
Este desempenho demonstra a resiliência do mercado de trabalho brasileiro, considerada como uma das razões para o crescimento econômico superior às expectativas do mercado nos últimos anos. A comparação entre o trimestre encerrado em julho de 2025 e o mesmo período pré-pandemia, em 2019, quando o desemprego estava em 12%, revela uma mudança significativa na composição do emprego no país.
A participação dos trabalhadores formais no total da população ocupada aumentou de 59% para 62,2%, um avanço de 3,2 pontos percentuais. Essa evolução desmente a narrativa de que haveria uma retirada voluntária do mercado de trabalho, especialmente entre os jovens. Ao mesmo tempo, a informalidade recuou de 41% para 37,8%, o menor índice registrado fora do contexto atípico da pandemia.
Durante a crise sanitária da Covid-19, o desemprego disparou e o índice de informalidade alcançou níveis recordes. Atualmente, o Brasil conta com 63,6 milhões de pessoas empregadas no setor formal, aumento de 8 milhões em seis anos, sendo que 39,1 milhões possuem carteira assinada em empresas privadas, índice mais alto desde 2012. Já o contingente informal é de 38,7 milhões, o que representa um acréscimo modesto de 676 mil pessoas desde 2019, incluindo cerca de 25 milhões que atuam por conta própria.
Outro fenômeno identificado é o crescimento do emprego no setor público, impulsionado pelo fortalecimento financeiro dos municípios, que permitiu ampliar gastos com pessoal. Houve também uma redução no número de trabalhadores autônomos sem registro de CNPJ, ao passo que a quantidade de profissionais por conta própria com CNPJ aumentou praticamente na mesma proporção.
Segundo o economista, a digitalização e a simplificação dos serviços públicos, como os processos para abertura de empresas, favoreceram esse crescimento dos trabalhadores formalizados por meio de CNPJ.
O número de pessoas desocupadas caiu para 6,1 milhões, menor patamar desde o último trimestre de 2013, enquanto a taxa de ocupação — que representa a proporção de pessoas empregadas na população em idade ativa — se mantém em nível recorde, com 58,8%.
Renda do trabalhador atingindo níveis históricos
Esse cenário refletiu diretamente no aumento da renda média do trabalhador brasileiro. No segundo trimestre de 2025, a remuneração média efetiva alcançou R$ 3.392, enquanto no primeiro trimestre o valor foi ainda maior, R$ 3.665 — o maior índice desde 2012. Comparando com julho de 2019, quando o rendimento médio era de R$ 3.081, houve um crescimento de 18,95%, embora ainda abaixo da inflação acumulada de 40,61% nos últimos quatro anos.
Esse aumento nos ganhos é atribuído principalmente ao reajuste do salário mínimo acima da inflação, bem como aos aumentos salariais previstos em acordos e convenções coletivas registrados pelo sistema Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego.
Os dados coletados pelo DIEESE indicam que, em julho de 2025, 76,4% dos reajustes salariais das negociações coletivas superaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado em 12 meses. Embora essa proporção seja menor que a registrada em junho (83,1%), está acima do resultado de julho do ano anterior (69,1%). No acumulado de 2025, 78,7% dos reajustes excederam o INPC.
De acordo com as projeções da 4intelligence, os salários devem continuar a crescer em 2025 e 2026, o que irá garantir níveis históricos na massa de rendimentos obtidos via trabalho. Esse processo é fundamental para sustentar o consumo das famílias e manter a economia em ritmo vigoroso, mesmo considerando uma taxa de juros próxima a 15% ao ano.
Para os próximos meses, a previsão é de que a taxa de desemprego continue a recuar, podendo atingir 5,5% em agosto, o que representaria um novo recorde de baixa. A consultoria ressalta que, no período recente de 12 meses, o mercado subestimou a taxa de desocupação em cerca de 0,9 ponto percentual.
Redução do número de trabalhadores no agronegócio e crescimento nos setores de saúde e tecnologia
Outro aspecto relevante da pesquisa é a diminuição de trabalhadores no setor agropecuário entre 2019 e 2025. A agropecuária perdeu 745 mil empregos, reduzindo sua participação no total de trabalhadores de 9,2% para 7,6%.
Segundo Imaizumi, fatores como o êxodo dos jovens das zonas rurais, a concentração de grandes propriedades, a redução das pequenas propriedades familiares e a crescente mecanização explicam essa queda, que foi a única expressiva entre os setores produtivos.
Em contrapartida, os setores de saúde e tecnologia registraram as maiores taxas de aumento de mão de obra após a pandemia.



