Por Que Espanha Usa Exército Para Proteger Presunto Contra PSA

Por Que Espanha Usa Exército Para Proteger Presunto Contra PSA

Espanha mobiliza exército para proteger sua renomada produção de presunto da peste suína africana

A Espanha, reconhecida globalmente por seu presunto cru e como o terceiro maior produtor mundial de carne suína, enfrenta um sério desafio após detectar casos da peste suína africana (PSA) pela primeira vez em três décadas. Dois javalis encontrados mortos próximos a Barcelona testaram positivo para o vírus, segundo informou o Ministério da Agricultura espanhol.

Para impedir que essa doença infecciosa chegue aos rebanhos comerciais de suínos, o governo espanhol acionou o exército para auxiliar na detecção rápida de novos casos suspeitos e na implementação de medidas urgentes, conforme reportado pela agência Reuters.

A Espanha é líder na produção de carne de porco na União Europeia e a terceira maior no mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, exportando cerca de 8,8 bilhões de euros por ano. Destes, 60% são direcionados para países do bloco europeu, enquanto que entre as exportações fora da UE, a China é a principal compradora.

Após a confirmação do surto, as exportações de carne suína provenientes de uma área de 20 km ao redor do local afetado foram suspensas para os países membros da União Europeia. Inicialmente, o país também interrompeu todas as exportações à China até que o governo chinês ratificasse o protocolo acordado no início do ano, que proibia apenas a entrada de produtos oriundos de áreas infectadas.

É importante destacar que o Brasil, quarto maior produtor mundial de carne suína segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, mantém seu status de país livre da peste suína africana desde 1984.

Características e sintomas da peste suína africana

Essa doença infecciosa se propaga rapidamente entre porcos domésticos e javalis, frequentemente levando à morte dos animais. Os sintomas incluem hemorragias internas e apatia, além do comportamento atípico de buscar refresco em poças de água, conforme detalhado pelo Ministério da Agricultura da Espanha.

A contaminação normalmente ocorre pelo contato direto com sangue infectado. Atualmente, não existe vacina ou tratamento para a doença, o que muitas vezes resulta no abate em massa dos animais afetados para evitar sua disseminação.

Origem dos novos casos e disseminação pelo continente

Os dois javalis diagnosticados foram os primeiros com PSA na Espanha desde 1994. As autoridades levantam a hipótese de que a contaminação pode ter ocorrido quando um desses animais ingeriu algum alimento contaminado, como um sanduíche descartado que teria sido trazido de fora do país, conforme apontou o ministro da Agricultura da Catalunha, Oscar Ordeig.

A região afetada está próxima à rodovia AP-7, que conecta a Espanha à França. Além dos casos confirmados, oito suspeitas estão sendo investigadas, e espera-se que outros casos sejam registrados nas próximas semanas.

Nos últimos anos, a PSA se espalhou por diversos países da Europa Ocidental, causando danos ao setor de carne suína e gerando barreiras comerciais. Até o momento, animais como javalis e porcos de produção familiar foram afetados em 13 países europeus, incluindo Itália, Alemanha, Polônia, e outros.

Países como Bélgica, Suécia e República Checa conseguiram eliminar a doença através da adoção rigorosa de políticas de controle e monitoramento das populações de javalis.

Medidas de controle adotadas na Espanha

Para conter o avanço da doença, no domingo (30) foram mobilizados 300 policiais e agentes rurais, seguidos por 117 militares da unidade de emergência do exército espanhol. Esses agentes utilizam drones para localizar e remover animais suspeitos de contaminação.

Outras ações incluem o estabelecimento de uma zona restrita ao redor da área infectada, a busca ativa e eliminação controlada das carcaças de javalis, bem como a proibição da caça nessa região para evitar que os animais contaminados circulem para outras áreas livres da doença.

O ministro da Agricultura, Luis Planas, ressaltou que o objetivo principal é contener a disseminação dentro da região afetada e impedir que esse surto alcance outras regiões mais amplas do país.

Impactos comerciais e suspensões de exportação

Em decorrência da emergência sanitária, aproximadamente um terço dos certificados de exportação de carne suína espanhola foram suspensos, embora nenhuma fazenda comercial tenha sido afetada até o momento.

Além das restrições impostas pela União Europeia e pela China, o Reino Unido anunciou a suspensão temporária das importações de carne suína provenientes da Catalunha. Segundo comunicado do Defra, órgão ambiental britânico, toda carne suína fresca da Espanha será retida nas fronteiras até que novas orientações sejam definidas.

Até novembro, a Espanha havia exportado 37,6 mil toneladas de carne suína fresca e congelada ao Reino Unido, conforme dados do Conselho de Desenvolvimento de Agricultura e Horticultura.

Outros países, como Taiwan e México, também decidiram bloquear temporariamente a entrada de produtos suínos espanhóis para conter o risco de contágio.

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