Por que as fusões entre empresas são complexas no setor aéreo? CEO explica
Carsten Spohr, CEO da Lufthansa, destacou os principais obstáculos enfrentados para a aquisição da companhia aérea ITA.
Ao longo dos últimos anos, várias notícias apontaram a possibilidade de fusões entre companhias aéreas, principalmente no mercado brasileiro. No entanto, essas negociações raramente se concretizam.
Um exemplo claro ocorreu no início deste ano, quando as empresas Azul e Gol anunciaram que iriam avançar com um processo de fusão, chegando até a realizar compartilhamento de voos. Contudo, em setembro, ambas desistiram dessa união.
De acordo com Spohr, as duas dificuldades principais para que essas fusões aconteçam são a limitação financeira das empresas e a forte regulação que incide sobre o setor.
Em janeiro, o grupo Lufthansa finalizou a compra de 41% da companhia italiana ITA, antiga Alitalia, após longas negociações e assumiu o controle da empresa. “Foi preciso um ano para fechar o acordo com o governo italiano e três anos para obter a aprovação da Comissão Europeia em Bruxelas”, comentou o executivo durante visita a São Paulo, ressaltando a complexidade e duração do processo.
Desafios financeiros e margens estreitas
Carsten Spohr ressaltou que, além dos entraves regulatórios, a saúde financeira das companhias aéreas dificulta aquisições. ”Normalmente, as empresas do setor não dispõem de caixa suficiente para comprar outras companhias”, explicou. O setor é atrativo, mas opera com margens bastante reduzidas. Na Lufthansa, o lucro por passageiro é inferior a 10 euros, o que, mesmo com um volume de 140 milhões de passageiros anuais, resulta em menos de 1,4 bilhão de euros de lucro apenas no segmento de transporte de passageiros.
O CEO destacou que a Lufthansa conta também com outras fontes de receita, como transporte de carga e serviços de manutenção (MRO), o que melhora sua rentabilidade geral.
“Este ano teremos um aumento considerável no lucro, mas ele seguirá abaixo de 10 euros por passageiro. Com essa realidade financeira, realizar a compra de outras empresas é complicado”, finalizou.
Setor fragmentado dificulta concentrações
Spohr ainda apontou que o mercado aéreo é muito pulverizado, com diversas empresas atuando simultaneamente. Ele citou que, apesar de a Lufthansa ser a quarta maior companhia aérea mundial, sua participação total de mercado é de apenas 4%.
“Mesmo sendo uma das maiores do mundo, continuamos muito pequenos diante do número expressivo de empresas no setor”, concluiu.



