Por Que O Azeite Está Mais Barato Nos Supermercados

Por Que O Azeite Está Mais Barato Nos Supermercados

Entenda por que o azeite está mais barato nos supermercados

Após mais de dois anos de alta, o preço do azeite finalmente caiu no Brasil. Em setembro, houve uma redução de 3,11% no valor do produto, conforme dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 10 de outubro. Essa foi a nona retração mensal seguida, e no período de um ano o azeite se tornou 14,55% mais acessível aos consumidores.

Mais de 98% do azeite comercializado no país é importado, majoritariamente de Portugal e Espanha. Durante 2023 e início de 2024, o preço do azeite disparou no Brasil devido a condições climáticas adversas, como a seca e as altas temperaturas que afetaram as plantações de oliveiras na Europa. O pico dos preços ocorreu em junho de 2024.

Especialistas consultados apontam três fatores principais que explicam a queda recente nos valores do azeite:

  • Melhores condições climáticas na Europa, resultando em uma safra mais farta;
  • Desvalorização do dólar frente ao real;
  • Isenção parcial do imposto de importação sobre o azeite, ainda que esse item tenha impacto secundário.

O professor Carlos Eduardo de Freitas Vian, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), destaca que a combinação desses elementos foi responsável pela redução. Ele também ressalta que a diminuição no preço nas gôndolas demorou a acontecer porque os estoques ainda continham produtos adquiridos a preços antigos, mas já é possível notar a queda para os consumidores.

Se esses fatores se mantiverem, especialistas antecipam que o valor do azeite poderá cair ainda mais nos próximos meses.

Influência do clima na safra europeia

A maior parte do azeite comercializado no Brasil vem da Europa e, especificamente, das safras de Portugal e Espanha. Em 2023 e 2024, a produção europeia foi prejudicada por um calor intenso e seca prolongada, causando redução no volume das colheitas de azeitonas. Essa baixa na matéria-prima elevou o custo do azeite globalmente, inclusive no Brasil.

Na atual temporada de 2025, o clima mais ameno tem contribuído para melhor produção alfandegária, aumentando a oferta e diminuindo o preço do azeite.

Durante o período de preços elevados, muitos consumidores buscaram alternativas mais em conta e o governo brasileiro intensificou a fiscalização, apreendendo dezenas de marcas com origem duvidosa ou suspeita de fraude para proteger o mercado.

Queda do dólar perante o real

Como o Brasil importa quase todo o azeite consumido internamente, as variações cambiais exercem forte influência sobre o preço do produto. No início de 2025, a moeda norte-americana estava cotada próxima a R$ 6,20 e atualmente seu valor está na casa dos R$ 5,45, favorecendo a redução do preço dos produtos importados, incluindo o azeite.

O pesquisador Felippe Serigati, da FGVAgro, esclarece que a desvalorização do dólar no mercado brasileiro contribuiu para essa queda nos custos dos itens importados.

Isenção de imposto de importação

Em março deste ano, o governo federal eliminou a tarifa de importação para certos produtos alimentícios, entre eles o azeite, como forma de conter o avanço dos preços dos alimentos. Essa medida colaborou para ajudar na redução dos valores, embora especialistas considerem que sua influência foi menos significativa em comparação aos efeitos da safra europeia e da variação cambial.

De acordo com Carlos Eduardo Vian, a suspensão do imposto foi um fator auxiliar para diminuir os preços, mas não o principal motivo. A expectativa é que a safra europeia continue sendo o fator decisivo para a estabilidade dos valores.

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