Santander reduz otimismo com ações da Petrobras devido à queda nos preços do petróleo
O banco Santander decidiu adotar uma postura neutra em relação às ações da Petrobras (PETR4) e ao setor de exploração e produção (E&P) para o ano de 2026, diante da expectativa de preços mais baixos do petróleo. A instituição avalia que no cenário futuro, a exposição ao segmento de distribuição de combustíveis, especialmente por meio da Ultrapar, apresenta maior sentido estratégico.
Segundo relatório elaborado pelos analistas Rodrigo Almeida, Eduardo Muniz e Nicole Alonso, apesar da proteção no curto prazo proporcionada pelas estratégias de hedge e geração de fluxo de caixa livre das petroleiras, o setor continua suscetível à volatilidade dos preços do petróleo em 2026.
Exceções: Brava e PetroReconcavo
Entre as empresas analisadas, o Santander destaca que a Brava (BRAV3) possui uma posição de hedge considerável e conta com significativa exposição ao gás natural da PetroReconcavo (RECV3). Ressalta-se que, embora a Brava tenha a melhor cobertura de hedge, a maior parte está concentrada no último trimestre de 2025, e a companhia ainda apresenta despesas financeiras e investimentos elevados em relação ao fluxo de caixa total.
Quanto à Petrobras, o relatório enfatiza que a estatal realiza poucas operações de hedge dos preços do petróleo e deve continuar priorizando a otimização dos gastos de capital (capex) e operacionais (opex), independentemente das cotações atuais. A Petrobras planeja divulgar seu plano estratégico para o período 2026-2030 em novembro, com expectativas de redução nos investimentos além dos US$ 8 bilhões já especulados.
Em relação à Prio, o Santander chama atenção para o baixo custo de extração como diferencial, embora as receitas possam sofrer impactos em um cenário de Brent mais baixo e menor cobertura de hedge.
Perspectiva para os preços do petróleo
A visão mais cautelosa do banco está fundamentada na redução da demanda sazonal, no aumento das exportações da Opep+ e na contínua expansão da produção nos Estados Unidos, tanto em campos de xisto quanto em áreas offshore. Esses fatores podem pressionar o preço do Brent para abaixo de US$ 60 por barril até o fim de 2025, elevando o risco de oferta excessiva no mercado.
Impactos financeiros projetados
Com o Brent neste patamar, o projeto da Brava seria responsável por aproximadamente 16% do lucro ajustado estimado para o ano. Em termos de fluxo de caixa livre destinados aos acionistas, sem considerar fusões, aquisições ou mudanças no endividamento, o banco prevê que a Prio (PRIO3) apresentará cerca de 35%, a Petrobras 7% e a PetroReconcavo 18%.
O Santander reafirma que, entre as companhias avaliadas, a PetroReconcavo é a que demonstra maior resiliência frente a um cenário de queda nos preços do petróleo.



