Pré-mercado: Tensão entre Resultados Empresariais e Declarações de Trump
O cenário do mercado nesta quarta-feira, 15 de outubro, apresenta um equilíbrio delicado entre o otimismo gerado pelos lucros robustos divulgados por grandes bancos norte-americanos no terceiro trimestre de 2025 e as preocupações provocadas pelas recentes declarações protecionistas do ex-presidente Donald Trump. Esse contraste entre bases financeiras fortes e riscos políticos emergentes pode resultar em volatilidade significativa nos índices principais de Nova York durante o pregão.
Desempenho dos Bancos e Impactos no Mercado
Na terça-feira, três gigantes do setor financeiro dos Estados Unidos — JP Morgan Chase, Citigroup e Wells Fargo — reportaram resultados acima das expectativas. Esses números evidenciam a entrada do setor em uma nova fase de lucratividade, sustentada por juros ainda elevados, crescimento na demanda por crédito corporativo e uma estabilização nos níveis de inadimplência.
O JP Morgan Chase teve um crescimento de 12% no lucro líquido anual, apoiado pelo aumento em receitas de investimentos e cartões de crédito. O Citigroup revelou um lucro 15% maior em comparação anual, impulsionado pela recuperação das receitas e a diminuição das provisões para perdas com empréstimos. Já o Wells Fargo mostrou um avanço de 9% no lucro líquido, resultado de margens superiores no financiamento imobiliário e controle dos custos operacionais.
Esses dados foram bem recebidos pelos investidores, que interpretam o desempenho dos bancos como um indicativo da resiliência da economia americana, mesmo diante da desaceleração do consumo e do ritmo menor de contratações. Esse clima positivo sustentou a valorização dos contratos futuros do S&P 500 e do Dow Jones nas primeiras horas de terça-feira.
Influência das Declarações Protecionistas de Trump
No entanto, o entusiasmo foi parcialmente ofuscado pelas declarações de Donald Trump ao final do dia. Ele sinalizou a possibilidade de impor barreiras à importação de óleo de cozinha proveniente da China, justificando tal medida como proteção aos produtores nacionais e garantia de “autossuficiência alimentar”. Esse discurso, interpretado como um reforço das políticas protecionistas, desencadeou uma reação imediata nos mercados de commodities.
Os contratos futuros do óleo de soja e demais óleos vegetais recuaram, refletindo o receio de que restrições comerciais americanas provoquem excesso de oferta interna e, consequentemente, queda nos preços.
O efeito dessas declarações ultrapassa o setor do agronegócio. Investidores demonstram preocupação com o possível aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, justamente quando a economia chinesa aponta sinais de estabilização. Uma escalada do protecionismo poderia afetar as cadeias globais de suprimentos, prejudicando setores exportadores intensivos, como tecnologia, automóveis e equipamentos industriais.
Perspectivas para o Mercado
O início da quarta-feira registra alta nos contratos futuros dos principais índices americanos no pré-mercado, apoiada na expectativa de resultados corporativos sólidos referentes ao terceiro trimestre. Contudo, novas declarações protecionistas de Trump podem intensificar a volatilidade durante a sessão.
Para o investidor brasileiro, a ausência de eventos internos relevantes torna o cenário mais dependente das notícias internacionais. A oscilação da bolsa brasileira hoje será moldada pelo equilíbrio entre o otimismo com os resultados empresariais e o receio de um recrudescimento nas tensões comerciais globais.
Indicadores Econômicos Importantes
No Brasil:
Pesquisa mensal do varejo IBGE em agosto – resultado esperado não divulgado; na comparação anual, anterior foi +1,0%.
Pesquisa mensal do varejo IBGE nos últimos 12 meses – esperado alta de 0,2%; anteriormente, foi queda de 0,3%.
Nos Estados Unidos:
Índice Industrial Empire State para outubro está projetado em -1,80, acima do resultado anterior de -8,70.



