Os 10 principais erros que levam novos empreendimentos ao fracasso
Empreendedores frequentemente encaram diversos obstáculos ao iniciarem um novo negócio — e conhecer esses desafios pode ser essencial para evitá-los.
Tudo parecia estar indo muito bem para Dan Moyer. Durante a pandemia, ele criou, junto com um amigo, a Crafti Comics, empresa dedicada à fabricação de molduras para exibir coleções de quadrinhos. O que começou como um hobby transformou-se rapidamente em um negócio em expansão, enviando milhares de produtos para várias partes do mundo e com receita crescente.
No entanto, o sucesso não perdurou. Com o aumento das vendas, os custos também cresceram, principalmente porque Moyer investiu em equipamentos para atender à diversidade de tamanhos e estilos solicitados. O negócio passou a não ser lucrativo, gerando tensão entre os sócios, culminando no fechamento da empresa em março, com o envio dos últimos pedidos. Segundo ele, o problema foi a expansão acelerada. “Tentamos agradar a muitos clientes com diversas opções, em vez de focar nossos esforços nos produtos principais e na experiência do cliente.”
Crescimento descontrolado é apenas um dos vários erros que podem prejudicar pequenas empresas. Segundo especialistas, empreendedores enfrentam dificuldades que podem derrubar sua operação rapidamente, especialmente porque negócios menores não possuem reservas financeiras como as grandes companhias.
De acordo com estudo do professor Robert Fairlie, da UCLA, apenas metade das startups ultrapassa os dois primeiros anos, e apenas um terço sobrevive após cinco anos.
Com base nessas informações, especialistas indicam as principais causas do fracasso de pequenas empresas, apresentadas a seguir da menor para a maior importância.
10. Gerir o negócio sozinho
Muitos imaginam o empreendedor ideal como alguém que cria e conduz a empresa sozinho, mas essa visão raramente leva ao sucesso. É fundamental contar com uma equipe diversificada, que traga diferentes habilidades, pontos de vista e suporte nos momentos de dificuldade.
Pesquisas recentes indicam que empresas geridas por casais — conhecidos como “copreneurs” — têm maiores índices de sucesso, pois compartilham valores e metas. Um estudo de Jo-Ellen Pozner e Jennifer L. Woolley, da Universidade de Santa Clara, mostrou que negócios artesanais criados por casais têm metade da probabilidade de encerramento em comparação a outros.
9. Crescimento acelerado demais
Como evidenciado pela experiência da Crafti Comics, expandir sem controle pode sobrecarregar o negócio, seja com aquisição excessiva de equipamentos, abertura de muitas filiais ou contratação exagerada.
O segredo, segundo Josh Baron, da Harvard Business School, está em equilibrar as prioridades de curto e longo prazo. Reinventar o lucro pode fomentar um crescimento forte ao longo do tempo, mas isso só é sustentável se houver atenção constante ao fluxo de caixa e ao capital de giro.
8. Falta de experiência no setor
Ter conhecimento prévio no segmento de atuação representa uma grande vantagem, pois permite compreender detalhes, estratégias e aprender com experiências passadas.
Segundo Fairlie, o melhor tipo de experiência vem de trabalhar em negócios familiares. Ele constatou que filhos de donos de pequenas empresas têm maiores chances de sucesso e menor risco de fechamento, com uma redução de 17% na possibilidade de encerrar as atividades e aumento de cerca de 40% nas vendas ao terem contato com o negócio familiar.
7. Paixão excessiva pelo negócio
Anna Jenkins, professora da Universidade de Queensland, estudou 120 empreendedores que fecharam empresas recentemente e constatou que aqueles que ligavam fortemente sua identidade pessoal ao empreendimento tinham mais dificuldade para lidar com o fracasso.
Ela explica que quando a empresa enfrenta problemas, a decisão de encerrá-la é mais penosa, pois perder o negócio significa também perder parte de si mesmo.
6. Conflitos entre sócios
Desentendimentos internos podem prejudicar seriamente uma empresa, bloqueando decisões estratégicas importantes e afetando a motivação da equipe.
No entanto, não ter divergências também não é ideal. O equilíbrio está no “conflito saudável”, que permite levantar problemas sem gerar batalhas internas.
5. Dificuldade em obter capital
Montar uma base sólida de clientes e gerar receita leva tempo, enquanto custos iniciais já se arrastam, e ter reservas financeiras é importante para sustentar o negócio.
Porém, conseguir crédito não é tarefa fácil. Pesquisas do Federal Reserve e do Morehouse Innovation and Entrepreneurship Center apontam a dificuldade no acesso a capital como uma das maiores preocupações de empreendedores.
Além disso, alguns grupos enfrentam barreiras ainda maiores. De acordo com Fairlie, investidores negros, por exemplo, têm maior dificuldade para obter financiamento externo, principalmente através de crédito, o que compromete a escala inicial de suas empresas e dificulta a continuidade das operações.
4. Ausência de mercado para o produto
É um princípio básico da economia: se não existe demanda pelo que é oferecido, o negócio não prospera. Contudo, muitos pequenos empresários não investem tempo e dinheiro em pesquisa de mercado.
Robert Blackburn, da Universidade de Liverpool, observa que alguns empreendedores, movidos pela paixão, como cozinhar, deixam de considerar fatores cruciais, como a localização do negócio, público-alvo e estratégias de marketing. Isso provoca, por exemplo, o fechamento de muitos restaurantes por esses fatores.
3. Impacto de choques externos
Pequenas empresas são particularmente vulneráveis a recessões e mudanças repentinas no mercado, pois possuem menos capital, estoques limitados e poder reduzido para negociar preços.
Durante a pandemia, por exemplo, 8,5% das pequenas empresas fecharam no segundo trimestre de 2020 — o dobro da taxa anterior, e muito superior às grandes empresas.
2. Falta de adaptabilidade
Embora crises globais e mudanças rápidas nos hábitos dos consumidores sejam inevitáveis, a reação dos empreendedores faz a diferença.
Negócios presenciais sofreram com as restrições de mobilidade, porém alguns sobreviveram ao se adequarem com entregas e outras modificações. Aqueles que não foram flexíveis perderam clientela e, consequentemente, oportunidade de permanência.
1. Excesso de teimosia
No fim das contas, muitos fracassos estão ligados a uma liderança inadequada — a incapacidade de ouvir, considerar opiniões diversas e modificar o caminho quando necessário.
Esse foi o erro na Crafti Comics. Moyer admite: “Fui teimoso. Queria evitar qualquer coisa que atrasasse o negócio.” Hoje, empregado em empresa diferente, ele reconhece que aprendeu a lição: “É fundamental focar nos pontos fortes, crescer em ritmo adequado e nunca perder de vista a razão pela qual tudo começou.”
Texto por Andrew Blackman, originalmente publicado em inglês e traduzido para o português.



