Renúncia do Presidente da Eletronuclear: Impactos e Novos Rumos

Renúncia do Presidente da Eletronuclear: Impactos e Novos Rumos

Presidente da Eletronuclear renuncia ao cargo

Na última segunda-feira, 13 de outubro de 2025, o presidente interino da Eletronuclear, Sinval Zaidan Gama, apresentou sua renúncia ao posto, conforme comunicado oficial divulgado pela estatal no dia 17. A justificativa para a saída foi classificada como “motivos de ordem pessoal”. A saída de Gama aconteceu poucos dias antes do grupo J&F, controlado pela família Batista, anunciar a aquisição da participação da Eletrobras na Eletronuclear por meio da empresa Âmbar Energia.

De acordo com a Eletronuclear, Sinval Zaidan Gama continuará exercendo suas funções até que sejam nomeados seus substitutos, garantindo assim a continuidade operacional e administrativa durante o processo de transição. Gama estava no cargo interinamente desde julho deste ano.

Participação da Âmbar Energia na Eletronuclear

Na quarta-feira, 15 de outubro, a Âmbar Energia anunciou que adquiriu parte da Eletronuclear da Eletrobras, tornando-se sócia da estatal. Com essa compra, a Âmbar assumirá 68% do capital total da empresa e 35,3% do capital votante, enquanto a União permanecerá como acionista majoritária através da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), que deterá 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.

A operação ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores, mas mira ampliar a diversificação do portfólio energético da Âmbar, que já conta com 50 unidades, incluindo projetos em fase de finalização, abrangendo fontes como solar, hidrelétrica, biodiesel, biomassa, biogás e gás natural.

Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia, afirmou que a energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, itens fundamentais diante do desafio da descarbonização e da crescente demanda energética impulsionada pela inteligência artificial e digitalização da economia.

Usinas Angra 1, 2 e o projeto Angra 3

A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, que possuem capacidades instaladas de 640 megawatts (MW) e 1.350 MW, respectivamente. Além disso, desenvolve o projeto Angra 3, que terá uma capacidade de 1.405 MW quando concluído, totalizando um potencial de geração de aproximadamente 3,4 gigawatts (GW) entre as três unidades.

Angra 1 tem contrato vigente até 2044 e Angra 2 até 2040, o que garante receitas estáveis e previsíveis. Zanatta destacou que a participação na Eletronuclear oferece fluxo constante de receitas, com a geração próxima dos principais centros consumidores do país.

A entrada de um investidor privado e capitalizado trouxe novo fôlego para o setor nuclear do Brasil, que tem enfrentado longos períodos de paralisação. A expectativa gerada é de que essa nova composição societária permita a finalização da obra de Angra 3, paralisada há aproximadamente dez anos, e que representa um custo anual superior a R$ 1 bilhão para os cofres públicos.

Decisões futuras e avanços na política nuclear

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) tem agendada uma reunião para o dia 31 de outubro para deliberar sobre a retomada da construção da usina Angra 3. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um forte defensor da continuidade da obra, além de defender um planejamento mais estruturado para o setor nuclear no Brasil.

Durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados em 15 de outubro, Silveira comentou sobre a possibilidade do uso de pequenos reatores nucleares, apontando-os como solução para sistemas energéticos isolados, especialmente na região amazônica, que atualmente abriga 211 sistemas desse tipo e que geram custos anuais estimados em R$ 13 bilhões para o país.

O ministro também ressaltou que a administração do setor nuclear no Brasil está aquém das necessidades e que o governo pretende anunciar uma política mais integrada e contextualizada para o segmento ainda no terceiro mandato do presidente Lula.

A Eletronuclear destacou que as operações continuarão normalmente, mantendo seu compromisso com a excelência, segurança operacional e fortalecimento do setor nuclear brasileiro durante o período de transição.

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