Saúde Suplementar: Redefinindo a Gestão Dos Planos Corporativos

Saúde Suplementar: Redefinindo a Gestão Dos Planos Corporativos

Desafios e novas estratégias na gestão dos planos de saúde suplementar

Com os custos em constante crescimento, o SESI-PR tem se dedicado a auxiliar o setor industrial na otimização do uso dos planos de saúde corporativos, focando no controle da sinistralidade dos contratos.

Mais de 52 milhões de brasileiros atualmente utilizam planos de saúde, e o gasto anual com assistência ultrapassa R$ 256 bilhões. Para as empresas, essa realidade resulta em aumentos constantes, altas taxas de sinistralidade e dificuldades na administração desse benefício tão valorizado pelos colaboradores.

Guilherme Murta, coordenador médico do SESI-PR, explica que as organizações enfrentam um problema que não é passageiro, mas um ciclo anual que afeta diretamente sua competitividade no mercado.

Para tentar reverter essa situação, o SESI-PR desenvolveu uma consultoria técnica que alia dados, gestão e cuidado, oferecendo aos empregadores informações precisas e transparentes, sem conflitos de interesse. Segundo Murta, essa iniciativa prevê análises detalhadas do perfil de uso dos planos e a entrega mensal de relatórios com achados e planos de ação recomendados.

O especialista enfatiza que, em muitos setores industriais, o custo dos planos de saúde ultrapassa 10% da folha salarial, um encargo que se torna insustentável diante de uma inflação médica que cresce de duas a quatro vezes mais que o índice geral de preços.

Entendendo a pressão financeira e a atuação do SESI-PR

O aumento dos custos acompanha uma lógica de juros compostos, ameaçando a sustentabilidade dos planos e dificultando as negociações empresariais. Para Gerir essa complexidade, a consultoria do SESI-PR organiza dados fragmentados, interpreta os gastos, segmenta os riscos e propõe medidas concretas para redução de custos.

Murta relata que o serviço surgiu após ouvir atentamente as demandas do setor industrial, que buscava um suporte independente e técnico, sem vínculos com operadoras ou corretoras. Uma pesquisa realizada no estado e o envolvimento em comitês com grandes empresas deram forma ao projeto.

De dados dispersos a estratégias eficazes

O processo inicia-se com etapas burocráticas, incluindo protocolos de confidencialidade e validação com o cliente. Em seguida, a operadora fornece dados anonimizados em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que são transformados em informações estratégicas por meio de um sistema de business intelligence.

Murta ressalta que os dados são úteis apenas quando interpretados adequadamente para promover ações efetivas. A equipe multidisciplinar do SESI-PR monta relatórios mensais evidenciando descobertas e recomendando intervenções. Um exemplo citado é a identificação de aumento de partos prematuros, que levou à implementação de um reforço no acompanhamento pré-natal, beneficiando não só financeiramente, mas também no aspecto humano.

Custo evitável e benefícios organizacionais

A consultoria utiliza o conceito de custo evitável para avaliar os perfis dos beneficiários e os riscos relacionados. Murta explica que um caso de UTI neonatal devido à prematuridade pode ultrapassar R$ 200 mil, mas, com acompanhamento pré-natal de qualidade, é possível prevenir a maioria dessas ocorrências e reduzir mais de 90% dos custos envolvidos.

A eficiência dessas análises não apenas diminui os gastos, mas também previne situações críticas que impactam o bem-estar das famílias e refletem positivamente no ambiente laboral.

Além disso, aspectos como coparticipação, estrutura dos planos e cobertura são considerados para avaliar e controlar a sinistralidade, com monitoramento contínuo que cria históricos e evita surpresas na hora dos reajustes.

Embora o SESI-PR não atue diretamente nas negociações, ele prepara as empresas com informações técnicas de alto nível para fortalecer seu posicionamento junto às operadoras.

Fortalecimento por meio de comitês de indústrias

Foi estruturado pelo SESI-PR um comitê estadual que reúne indústrias representando mais de 100 mil colaboradores para debate de temas relevantes, cenários e melhores práticas no setor.

Murta destaca que esses encontros realçam o entendimento de que os desafios enfrentados pelas empresas são comuns e que a troca de experiências contribui para acelerar o amadurecimento das estratégias de gestão.

Saúde mental: um novo foco na gestão dos planos

Além das doenças crônicas, a demanda por cuidados em saúde mental tem aumentado significativamente, incluindo casos de ansiedade, depressão, dependência química e internações psiquiátricas.

Com a atualização da NR 1, que a partir de 2026 exigirá o rastreamento de riscos psicossociais no ambiente de trabalho, essa questão ganhará ainda mais importância.

Murta ressalta que a abordagem da saúde mental não deve ser apenas pelo viés de custo, mas requer uma análise integrada entre o plano de saúde e os serviços ambulatoriais internos, permitindo detectar padrões antes imperceptíveis. “Quando conectamos dados assistenciais e informações internas, conseguimos ver o que antes era apenas ruído”, afirma o coordenador médico.

Gestão orientada por evidências e a visão para o futuro

Muitas empresas ainda adotam benefícios baseados na demanda percebida, como academias, aplicativos ou plataformas, sem saber se esses atendem às necessidades reais do seu quadro funcional, destaca Murta.

O SESI-PR defende um modelo alinhado ao conceito de saúde 5.0, que combina tecnologia com atendimento personalizado. “Não existe gestão inteligente sem evidência, e não há evidência sem dados bem tratados aliados a uma análise humana criteriosa”, completa.

Para o coordenador, o setor industrial está diante de um momento decisivo. O avanço na saúde suplementar corporativa dependerá da capacidade de compreender de forma profunda as pessoas que constituem a força de trabalho e seus dependentes, para então direcionar ações efetivas.

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