Kovr lança seguro contra ataques cibernéticos para pequenas e médias empresas com receita de R$ 2,7 bilhões
A seguradora Kovr, que teve receita de R$ 2,7 bilhões em 2024 e atua em âmbito nacional, acaba de disponibilizar no mercado uma apólice específica para proteger pequenas e médias empresas (PMEs) contra riscos relacionados a ataques hacker.
Este novo produto foi desenvolvido para negócios com faturamento anual de até R$ 150 milhões, especialmente aqueles que armazenam dados de clientes e operam em ambientes digitais, mas que não possuem equipes de tecnologia dedicadas.
Coberturas e benefícios do seguro
O seguro abrange uma série de incidentes como invasões de sistemas, sequestro de dados (ransomware), desvios em pagamentos, paralisação das operações e fraudes que afetem os consumidores finais.
Além disso, a cobertura inclui proteção em relação a processos decorrentes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Um diferencial importante é a assistência imediata, já que o segurado pode contactar uma central 24 horas via telefone em caso de emergência.
A assistência oferecida contempla suporte técnico, gerenciamento de crises e orientação jurídica desde o primeiro momento do incidente.
Eduardo Viegas, vice-presidente de operações da Kovr, destaca: “Empresas menores lidam com riscos semelhantes aos das grandes, mas dispõem de estrutura limitada para enfrentar esses problemas. Nosso objetivo é facilitar o acesso à proteção, dispensando a necessidade de conhecimento técnico aprofundado”.
Detalhes da contratação e modelo de distribuição
O seguro pode ser adquirido a partir de R$ 2.500 anuais, com cobertura inicial de até R$ 600 mil. Existem opções mais robustas, que chegam a custar R$ 40 mil ao ano e oferecem limites de até R$ 6 milhões. O produto não possui carência nem franquia temporal.
A contratação é rápida: para empresas faturando até R$ 50 milhões, o processo demanda cerca de cinco minutos e requer apenas informações básicas, como ramo de atividade, faturamento e histórico de incidentes. Já para empresas com receita maior, há uma avaliação simplificada antes da liberação.
O produto será comercializado por corretores e também por canais de bancos, operadoras de telefonia e companhias de tecnologia. Entre os parceiros está a Telefónica Seguros, braço de seguros da Vivo, que contribui com expertise internacional e ajuda a adaptar o seguro ao mercado brasileiro.
A Kovr oferta o seguro tanto no formato B2B, quando é vendido para empresas que o repassam aos seus clientes, quanto na modalidade B2B2C, em que a apólice é integrada a plataformas digitais oferecendo proteção diretamente ao consumidor final.
Cenário de mercado e desafios atuais
O lançamento ocorre em um contexto de aumento expressivo dos ataques cibernéticos a PMEs: um relatório da N-able indica salto de 48 mil incidentes em junho de 2024 para 13,3 milhões em junho de 2025 no Brasil. Já segundo a Kaspersky, 73% das PMEs brasileiras foram alvo de algum tipo de ataque nos últimos dois anos.
Apesar desse cenário, o mercado de seguros cibernéticos ainda é pequeno no país, com prêmios de aproximadamente R$ 270 milhões em 2024, conforme dados da Susep, e focado principalmente em grandes empresas com processos complexos de contratação.
A estratégia da Kovr é simplificar as condições e alcançar uma base maior de clientes, priorizando o volume de apólices ao invés do valor de prêmio por contrato, conforme ressalta Eduardo Viegas.
Além do pagamento de indenizações, o serviço inclui uma central gratuita 24 horas que aciona um gestor de incidentes para confirmar a ocorrência e orientar a resposta. Se necessário, a equipe técnica ajuda na recuperação dos sistemas e no acesso aos dados. O cliente também recebe orientação jurídica para lidar com notificações, comunicação aos consumidores e exigências da LGPD.
Como ação preventiva, a Kovr planeja oferecer um laudo automatizado de vulnerabilidade, que analisa informações públicas da empresa e identifica possíveis brechas exploráveis por hackers.
O intuito é conscientizar os empresários sobre os riscos reais e a importância da assistência pronta. “Queremos mostrar que o risco existe e que a ajuda está disponível, pois muitos só percebem quando é tarde demais”, acrescenta o executivo.
Histórico e estrutura da Kovr
A Kovr surge a partir da transformação de uma seguradora adquirida em 2020, originária do Banco Rural. Em 2021, completou seu rebranding para a marca atual, que remete ao termo inglês “cover” (cobertura).
A empresa opera três segmentos principais: Kovr Seguradora (seguros gerais), Kovr Previdência (planos de aposentadoria) e Kovr Capitalização. Também possui uma área dedicada a garantias digitais, especialmente para transporte e setor automotivo.
Um dos diferenciais da companhia está no investimento em tecnologia: a plataforma desenvolvida permite integrar produtos rapidamente com parceiros por meio de APIs, além de oferecer seguros modulares com contratação desburocratizada.
Atualmente, a Kovr conta com cerca de 200 colaboradores, mais de 3.000 corretores cadastrados e atuação em todo o Brasil. Em 2024, foram emitidas 6,5 milhões de apólices.
Seus parceiros incluem empresas como PicPay, Will Bank, Sem Parar, Natura, Banco Original, Itaú, Telefónica, Affinity e Ita Seguros Viagens. O grupo é liderado por Thiago Leão de Moura (CEO), Eduardo Viegas (VP de operações) e Renato Rennó.
Em 2025, os executivos assumiram o controle total da Kovr com o apoio da holding J&F, que também controla marcas como JBS e PicPay.
Perspectivas futuras
Com o lançamento do seguro contra ataques cibernéticos, a Kovr pretende consolidar sua presença no segmento de PMEs, reforçando uma linha de produtos orientada a serviços além da cobertura financeira tradicional.
Para isso, planeja realizar eventos presenciais com empresários para demonstrar o funcionamento dos ataques e a eficácia da assistência oferecida.
O objetivo é ampliar a base de pequenas e médias empresas que contratam essa proteção, ultrapassando o grupo tradicionalmente atendido.
Eduardo Viegas reforça que o produto foi criado para se encaixar no cotidiano daqueles que gerenciam negócios menores, sem demandar que sejam especialistas em tecnologia para estar protegidos.



