Ser longevo é mais do que acumular anos de vida
A importância das conexões humanas no contexto da longevidade
Durante um evento sobre educação financeira em Tóquio, em 2018, tive o primeiro contato com o conceito de Gerontologia Financeira. Após vários dias de intensa imersão em conteúdos variados, sentia o desgaste provocado pelo cansaço mental, a dificuldade do idioma e o desgaste do fuso horário, que até hoje impacta quem vive no nosso lado do planeta.
Exausta, minha capacidade de absorção diminuiu até que uma pequena e elegante palestrante japonesa subiu ao palco e chamou minha atenção ao apresentar esse novo conceito. Desde então, tornei-me uma entusiasta da área e nunca deixei de explorar os temas relacionados à longevidade.
Reconhecendo o envelhecimento e expandindo perspectivas
Recentemente, em um encontro dedicado à discussão dessa temática, especialistas de áreas diversas compartilharam suas visões sobre o aumento da expectativa de vida e sobre a necessidade de proporcionar qualidade e sentido aos anos adicionais que conquistamos.
A reflexão inicial foi sobre a necessidade de melhorarmos nosso entendimento do envelhecimento. Ainda hoje, associamos o envelhecer a perdas, quando, na verdade, essa fase pode representar protagonismo e realização. Projeções indicam que o Brasil se tornará uma nação madura em poucas décadas, o que demanda não apenas políticas públicas, mas também transformações no mercado de trabalho, nos hábitos de consumo e na percepção social voltada para pessoas com mais de 60 anos. Trata-se de um processo educacional que precisa engajar todos os setores da sociedade, sem exceção.
Outro ponto fundamental é a relevância das relações interpessoais nesse cenário. Ainda que a segurança financeira seja essencial, a existência de uma rede de apoio social é igualmente importante. A solidão é uma ameaça séria para quem vive muito tempo. Manter laços familiares, cultivar amizades e participar de atividades comunitárias representam um patrimônio crucial para garantir uma vida longa plena, mesmo que não constem em contas bancárias.
Uma questão coletiva e um novo olhar para as finanças
É claro que a longevidade transcende o âmbito do indivíduo. Podemos considerá-la uma conquista coletiva, que requer que empresas, governos, famílias e pessoas trabalhem em conjunto para reformular uma sociedade que valorize e aproveite a maturidade. Esse desafio envolve desde a arquitetura urbana até o desenvolvimento de produtos e serviços exclusivos para o crescente grupo de pessoas nessa faixa etária.
Também convém destacar que as finanças devem acompanhar essa evolução. O planejamento financeiro consiste em um pilar central para enfrentar a “maratona” da vida. Manter autonomia econômica na terceira idade exige escolhas diárias como economizar, investir de forma consciente, compreender riscos e buscar aconselhamento profissional. Trata-se de um aprendizado contínuo para o presente.
Por fim, reafirmo a convicção de que prolongar a vida não significa apenas somar anos, mas ampliar possibilidades. Hoje, a longevidade ultrapassa o campo da medicina e se insere como uma questão que envolve educação, hábitos saudáveis, conexões sociais e gestão financeira. O aumento da expectativa de vida é uma realidade, mas cabe a nós transformar esse tempo extra em oportunidades reais. Quem se prepara física, emocional e economicamente tem condições de converter esse “mais tempo” em “mais vida”.
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