Stellantis Planeja Investir US$ 10 Bi Para Recuperar Mercado Nos EUA

Stellantis Planeja Investir US$ 10 Bi Para Recuperar Mercado Nos EUA

Stellantis planeja investir US$ 10 bilhões nos Estados Unidos para recuperar participação de mercado, segundo fontes

Fontes próximas ao assunto informaram à Bloomberg News que a Stellantis, dona de marcas populares como Jeep, Fiat e Ram, está preparando um investimento de aproximadamente US$ 10 bilhões nos Estados Unidos, seu mercado mais lucrativo, com o objetivo de reconquistar terreno perdido. Esse montante será distribuído ao longo de vários anos e deve reforçar a presença da montadora no país.

Segundo as informações, a empresa pretende anunciar em breve um aporte adicional de cerca de US$ 5 bilhões, que se somará a um investimento similar já reservado no começo deste ano. Os recursos devem ser destinados a operações em fábricas localizadas em Illinois e Michigan, abrangendo possíveis reaberturas de unidades, contratações de pessoal e o lançamento de novos modelos.

A empresa busca revitalizar a imagem da marca Jeep e está avaliando a possibilidade de investir novamente na marca Dodge, incluindo o desenvolvimento de um novo esportivo com motor V8. A longo prazo, também há a possibilidade de investimentos na Chrysler, de acordo com algumas fontes. Contudo, as negociações ainda não estão concluídas e podem sofrer alterações nos valores e projetos envolvidos.

Este esforço faz parte da estratégia do CEO Antonio Filosa, que assumiu o cargo em maio de 2025, para equilibrar os investimentos da companhia entre as diferentes regiões. Sob a administração anterior de Carlos Tavares, a Stellantis havia direcionado a produção para países com custos mais baixos, como o México, e dado prioridade à Europa, onde a demanda pelos veículos é menor e as margens mais apertadas, principalmente após a fusão que consolidou o grupo em 2021.

Em comunicado, um porta-voz da montadora declarou que, como parte da preparação para uma atualização estratégica e para o Investor Day previsto para o próximo ano, o CEO está revisando minuciosamente todos os investimentos futuros, processo que ainda está em andamento.

Este movimento da Stellantis reflete uma tendência maior entre grandes corporações que têm anunciado investimentos bilionários nos EUA, buscando alinhar-se politicamente ao governo do presidente Donald Trump e diminuir os impactos das tarifas comerciais. Recentemente, a Hyundai anunciou aumento de seus investimentos no país, totalizando US$ 26 bilhões até 2028. Além disso, empresas farmacêuticas europeias também vêm comprometendo bilhões em novos aportes.

Além disso, os aportes adicionais da Stellantis podem cumprir promessas feitas por John Elkann, presidente do conselho da empresa, que já esteve em reunião com Trump para tratar de investimentos no território americano.

Entre os planos da montadora está a produção de uma nova picape de porte médio na fábrica de Belvidere, em Illinois, atualmente desativada, com a recontratação prevista de cerca de 1.500 funcionários. Essa iniciativa pode ajudar a amenizar tensões com o sindicato United Auto Workers (UAW), que cobrou a empresa sobre o tema em negociações anteriores.

A Stellantis também está atuando junto ao governo dos EUA para tentar reduzir ou eliminar uma tarifa de 25% que pode afetar as picapes Ram de porte médio fabricadas no México. Filosa, veterano do setor automotivo e ex-executivo da Fiat Chrysler Automobiles, tem o desafio de consolidar a empresa após ela perder participação de mercado nos Estados Unidos e Europa devido a decisões estratégicas equivocadas na gestão anterior. Além disso, ele precisa enfrentar os impactos das tarifas impostas, que vem alterando a configuração global da indústria automotiva.

Algumas medidas já trazem resultados: as entregas da Stellantis nos EUA tiveram crescimento no terceiro trimestre, o que animou investidores recentemente. Desde que assumiu, o CEO fez cortes em projetos europeus, incluindo o encerramento de uma joint venture de veículos a hidrogênio com parceiros como Michelin e Forvia. A empresa também avalia vender seu serviço de compartilhamento de carros, o Free2move.

No início do ano, a consultoria McKinsey foi contratada para reassessora as estratégias das marcas Maserati e Alfa Romeo, embora a companhia negue que haja intenção de vender a Maserati.

Por outro lado, o foco maior nos EUA tem gerado preocupações nos sindicatos europeus. A Stellantis, que detém marcas como Fiat e Peugeot, enfrenta excesso de capacidade produtiva na Europa, agravado pela crescente presença de montadoras chinesas como BYD, que oferecem modelos mais competitivos em preço. Em função disso, a empresa interrompeu temporariamente a produção em oito fábricas europeias devido à baixa demanda por modelos como o SUV Alfa Romeo Tonale e o compacto Fiat Panda.

Filosa tem encontro marcado com representantes sindicais da Itália em 20 de outubro, em meio a receios por possíveis fechamentos de fábricas na região. Vale lembrar que, no final do ano passado, a empresa divulgou um plano de produção ambicioso para a Itália, o que aumenta a exigência para que o novo CEO apresente resultados concretos.

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