De 150 mil a quase 160 mil pontos: o mês de recordes seguidos do Ibovespa
Em novembro, o Ibovespa alcançou níveis históricos impulsionado por um forte fluxo de capital estrangeiro, que acumulou em torno de R$ 30 bilhões ao longo do ano, superando as previsões iniciais de R$ 28 bilhões, segundo a Genial Investimentos.
O índice iniciou o mês ultrapassando pela primeira vez a marca dos 150 mil pontos e fechou o período próximo dos 160 mil pontos, registrando sucessivos recordes. No último pregão de novembro, o Ibovespa registrou alta de 0,45%, alcançando 159.072,13 pontos, resultado que elevou o desempenho acumulado do mês para 6,37%, sua melhor performance mensal desde agosto de 2024, quando subiu 6,54%. No ano, o indicador registra valorização de 32,25%.
Conforme destaca a Genial, a participação de investidores estrangeiros na bolsa brasileira chegou a 58%, um patamar elevado e raro nos últimos tempos. Nas semanas finais de novembro, fundos dedicados a mercados emergentes receberam aportes de US$ 4,2 bilhões.
Considerando a performance na cotação em dólares, a bolsa brasileira teve alta de 50% no ano, enquanto a Coreia do Sul avançou 70%, colocando os mercados emergentes como um dos segmentos mais promissores no cenário global. Os analistas da Genial ressaltam que existe um significativo potencial para novas alocações em ações da região, após um período de fluxo negativo e desempenho relativo inferior, padrões que tendem a se normalizar ao longo do tempo.
Fatores que impulsionaram a valorização
O forte crescimento dos ativos em novembro esteve associado ao recente corte na taxa de juros promovido pelo Federal Reserve em outubro. Essa mudança sinalizou ao mercado a possibilidade de continuidade no ciclo de afrouxamento monetário, com expectativa de novo corte já em dezembro.
Um ponto enfatizado pela Genial é o cenário global atual, caracterizado por um dos maiores ciclos sincronizados de cortes nas taxas de juros das últimas décadas. Esse movimento ocorre em um contexto em que as economias ainda exibem crescimento anual entre 2% e 3%, e os lucros das empresas permanecem em ascensão.
Segundo a análise, historicamente, reduções de juros geralmente acontecem em períodos de desaceleração econômica ou recessão. Neste momento, porém, observa-se uma exceção, com cortes acontecendo durante um ciclo de expansão econômica e rentabilidade empresarial crescente. Essa combinação gera um ambiente favorável para ativos de risco, reduzindo o custo de capital, ampliando os múltiplos de avaliação e elevando o apetite por investimentos mais agressivos.
Vantagens específicas para o Brasil e expectativas futuras
Para o mercado brasileiro, há uma dupla vantagem na situação atual: além do contexto externo favorável, cresce a percepção de que o Banco Central do Brasil possa também iniciar um processo de redução dos juros no país, possivelmente começando em janeiro ou março de 2026.
Ao olhar para os próximos meses, os investidores deverão observar atentamente tanto a trajetória esperada para a taxa básica de juros quanto o cenário político, principalmente devido à incerteza eleitoral. A Genial destaca a existência de uma assimetria política que pode influenciar significativamente os preços dos ativos nacionais, associada à possibilidade de alternância no poder.
No entendimento dos analistas, a continuidade do atual governo resultaria em um cenário de política fiscal expansionista, mantendo a taxa de juros reais elevada, entre 7% e 10% ao ano, por vários anos. Isso poderia gerar uma recuperação lenta, com o Ibovespa retornando para a faixa entre 130 mil e 140 mil pontos.
Por outro lado, uma mudança no governo com retomada da agenda de reformas teria potencial para provocar uma valorização expressiva dos ativos brasileiros. Nesse caso, não seria exagero projetar o Ibovespa caminhando para níveis próximos a 200 mil pontos, com as taxas dos títulos de inflação de longo prazo (IPCA) caindo para cerca de 5% e a Selic convergindo para níveis de um dígito, refletindo um cenário de normalização similar ao iniciado no ciclo da “Ponte para o Futuro” durante o governo Temer.
Outras instituições também apresentam estimativas positivas para o próximo ano. A XP projeta que o Ibovespa encerre 2026 em torno de 170 mil pontos, enquanto o Morgan Stanley prevê a possibilidade do índice alcançar 200 mil pontos nesse período.



