As 50 Inovações Tecnológicas Que Prometem Transformar o Mercado Financeiro e de Capitais
Com ênfase em inteligência artificial e blockchain, o setor financeiro busca unir segurança e tecnologias avançadas
Nos dias atuais, segurança e tecnologia são pilares essenciais tanto para instituições financeiras quanto para seus usuários. Diante disso, esses agentes permanecem atentos às evoluções do mercado e às demandas dos consumidores para aprimorar seus serviços. Porém, com a aceleração constante das inovações tecnológicas, acompanhar todas as novidades tornou-se um desafio.
Recentemente, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) realizou um estudo que visou identificar quais são as tecnologias que deverão impactar o mercado financeiro e de capitais até 2035. Batizado de Radar de Futuros, esse levantamento foi solicitado pelo próprio setor, buscando um panorama claro sobre as tendências tecnológicas.
Segundo Marcelo Billi, superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, a receptividade das instituições financeiras ao estudo foi positiva. “Estamos planejando apresentar os resultados diretamente para algumas organizações como apoio em seus processos”, comenta.
Para construir o ranking, profissionais de diferentes campos, como inovação, direito e consultoria, avaliaram inicialmente 90 inovações. As 50 com as maiores pontuações foram selecionadas para a lista da associação, abrangendo desde transformações digitais até melhorias no acesso e engajamento.
Dentre as tecnologias mais bem avaliadas estão o blockchain proof-of-stake (PoS), que utiliza consenso sem mineração intensiva; o passaporte financeiro global, uma identidade digital descentralizada que agrega dados do investidor em um único sistema interoperável; e a tokenização de ativos, que representa direitos sobre bens por meio de tokens digitais em blockchain.
Embora algumas soluções, como a inteligência artificial (IA), não sejam exatamente novas no meio financeiro, seu estágio atual de maturação amplia significativamente o potencial de uso. Outras tecnologias, sobretudo os tokens digitais, apresentam diversas possibilidades que ainda aguardam aprofundamento.
A revolução da inteligência artificial
A IA tem se tornado cada vez mais indispensável nas operações diárias do setor, deixando de ser uma simples aposta para se firmar como um investimento estratégico para quem quer se manter competitivo. A estimativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é que os investimentos no segmento atingirão mais de R$ 47 bilhões em 2025, um acréscimo de 13% em relação a 2024.
No Santander, a IA é aplicada especialmente para aprimorar o atendimento ao cliente. Um exemplo é o Pitch Maker, ferramenta que auxilia os assessores de investimentos fornecendo dados macroeconômicos tanto dos produtos quanto dos perfis dos clientes.
A tecnologia também integra a engenharia de software do banco espanhol, sendo usada desde a capacitação do time de desenvolvimento da F1RST — empresa de tecnologia da instituição — até a automação de rotinas no processo de criação de aplicações. Conforme explica o CIO do banco e CEO da F1RST, Richard Flávio da Silva, os modelos de IA generativa alcançam até 98% de precisão na conversão entre linguagens de programação Java.
Além disso, o Santander aposta na adoção de sistemas agênticos, onde a inteligência artificial é capaz de tomar decisões, atuando como um colaborador na solução de problemas. Exemplos de protocolos que viabilizam essa comunicação entre agentes de IA incluem o Agent-To-Agent (A2A), desenvolvido pelo Google, e o Model Context Protocol (MCP), criado pela Anthropic, que padroniza a conexão entre modelos de linguagem, dados e aplicativos.
No Bradesco, a aplicação da IA é guiada por princípios de responsabilidade, inclusão e sustentabilidade. Um destaque é a assistente virtual BIA, que já acumula mais de 2,7 bilhões de interações. A plataforma BRIDGE reúne múltiplas capacidades de IA generativa para viabilizar soluções confiáveis e escaláveis em diversas áreas do banco.
A instituição implementa um ciclo de vida estruturado para suas soluções de IA, passando pelas fases de ideação, experimentação, desenvolvimento, homologação, implantação e sustentação.
Tecnologias além da inteligência artificial
No Santander, a maioria dos produtos e serviços possui processos totalmente digitais. O banco tem reforçado sua infraestrutura na nuvem e investido em tecnologias da Web 3.0, especialmente blockchain.
Um exemplo prático no Brasil é o N-Cotas, projeto conjunto com a Núclea, lançado no primeiro semestre, para tokenizar cotas de consórcios. Por essa plataforma, consorciados, administradoras e fundos de investimento podem negociar suas participações com maior transparência e segurança.
O uso da blockchain também já está consolidado em instituições como o Bradesco, visto como um recurso mais seguro devido à sua natureza descentralizada.
Além disso, o Bradesco enxerga grande potencial no passaporte financeiro global, que favorece eficiência operacional, redução de custos, melhora na experiência do cliente e ampliação da inclusão financeira, fortalecendo ainda a confiança e gerando novas oportunidades comerciais.
A instituição realizou uma prova de conceito da Identidade Digital Bradesco, similar ao conceito do passaporte financeiro, que se vale da blockchain para eliminar a necessidade de múltiplos cadastros e senhas, com previsão de disponibilização ainda em 2025.
Novas tecnologias no radar
Entre as tecnologias destacadas pela Anbima está a Delivery versus Payment (DvP), sistema que assegura que a transferência de ativos e o pagamento correspondente ocorram simultaneamente. A associação destaca mecanismos como a moeda digital Drex, em desenvolvimento pelo Banco Central, contratos inteligentes e a tokenização de valores mobiliários como instrumentos que facilitam essa liquidação.
Conforme a Anbima, “O Drex, funcionando como moeda programável, possibilita liquidações instantâneas e seguras. Os contratos inteligentes automatizam a entrega e o pagamento, garantindo a atomicidade da operação. Já a tokenização representa os ativos digitalmente, facilitando a DvP em ambiente blockchain, além de reduzir riscos e custos operacionais.”
O Santander acompanha atentamente essas inovações, participando do desenvolvimento de pilotos e atuando na área de criptografia pós-quântica, que visa proteger ativos e detectar vulnerabilidades advindas de ataques com computadores quânticos.
Richard Silva comenta: “Nosso esforço inclui colaborar em consórcios e fóruns internacionais para estabelecer novos padrões e atualizar algoritmos para antecipar desafios da era pós-quântica”.
Ranking das 50 tecnologias mais promissoras
- DeFAI: DeFi com inteligência artificial
- Fundos hedge descentralizados
- Precificação dinâmica para ativos digitais
- Modelos inteligentes de preço de ativos
- Tokenização de ativos
- Tokenização de valores mobiliários
- Web3 aplicada às finanças tradicionais
- Drex (moeda digital do Banco Central)
- Plataforma híbrida TradFi-DeFi
- Robo-advisors avançados
- APIs para consolidação de ativos digitais
- Computação em borda (Edge Computing)
- Agentes inteligentes de IA
- IA generativa em borda
- Contratos inteligentes (smart contracts)
- DeFi interoperável
- Oráculos em blockchain
- Reconciliação contábil automática em tempo real
- Automação Robótica de Processos (RPA) no backoffice financeiro
- Computação em nuvem (Cloud Computing)
- Open finance
- Criptografia pós-quântica
- Criptografia homomórfica
- Inteligência artificial explicável
- Recuperação Aumentada por Geração (RAG)
- Computação confidencial
- IA para previsão de taxas de juros
- Modelos preditivos de risco com machine learning
- Camuflagem de dados
- IA para compliance
- IA para due diligence
- Identidade autossoberana
- Plataformas reguladas de DeFi
- Cibersegurança aplicada ao DeFi
- Compliance cross-border
- Custódia institucional com carteiras multisig
- Detecção de ameaças cibernéticas por IA
- Detecção de fraudes em tempo real
- Detecção e resposta estendida (XDR)
- Infraestrutura automatizada para compliance
- Open banking
- Finanças regenerativas (ReFi)
- Cálculo da pegada de carbono em portfólios
- Blockchain proof-of-stake
- Créditos de carbono tokenizados
- Passaporte financeiro global
- Realidade aumentada para análise de dados financeiros
- Educação financeira gamificada
- Inteligência coletiva aplicada a investimentos
- Plataformas de co-investimento



