Trump ordena envio de tropas para Portland e instalações do serviço de imigração
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado que instruiu o secretário de Defesa, Pete Hegseth, a despachar tropas para Portland, no estado de Oregon, com o objetivo de proteger unidades federais ligadas ao serviço de imigração (ICE) contra grupos que ele classifica como “terroristas domésticos”.
Trump declarou também que está autorizando o emprego de “força total, se necessário”, reafirmando sua determinação na ação contra esses grupos. A medida acontece em meio a uma ofensiva contra cidades governadas por líderes democratas.
Em uma publicação nas redes sociais, Trump afirmou que ordenou a Hegseth o envio de todas as tropas necessárias para garantir a segurança de Portland, que segundo ele está “devastada pela guerra”, e das instalações do ICE que estariam sob ataque pela Antifa e outros considerados terroristas internos.
O prefeito de Portland, Keith Wilson, reagiu à ordem afirmando que a quantidade de soldados requisitados é zero, tanto para Portland quanto para qualquer outra cidade americana, ressaltando que o presidente não deverá encontrar ilegalidades ou violência na cidade, a menos que ele próprio pretenda fomentá-las.
Em coletiva na sexta-feira, Wilson, juntamente a outros representantes locais, pediu tranquilidade diante do que descreveu como uma possível chegada de agentes federais não solicitada pela administração local. “Isso pode ser apenas uma demonstração de força, nada além disso”, comentou.
O senador democrata pelo Oregon, Ron Wyden, postou no Twitter que Trump “parece repetir a tática de 2020, invadindo Portland com a intenção de provocar conflitos e violência”.
Os protestos que ocorreram em Portland durante 2020 ganharam notoriedade após o assassinato de George Floyd em Minneapolis, com manifestações prolongadas no centro da cidade conhecida por seu perfil liberal na região do Noroeste Pacífico. Na época, líderes locais afirmaram que a presença das tropas federais, enviadas por Trump, incentivou a continuidade dos protestos em vez de contê-los.
Foco na Antifa e na criminalidade
Na quinta-feira, Trump declarou a repórteres que “indivíduos radicais” estariam tentando colocar fogo em prédios em Portland, classificando-os como agitadores e anarquistas profissionais, embora não tenha apresentado evidências para essa afirmação.
Recentemente, o presidente assinou uma ordem executiva que classifica o movimento antifascista Antifa como uma “organização terrorista” em âmbito nacional, reforçando a repressão perante o que ele chama de violência política financiada pela esquerda.
Autoridades policiais dos EUA destacam que não há registros de incidentes terroristas ligados à Antifa no país. Trump tentou, durante os protestos de há alguns anos, designar oficialmente o grupo como organização terrorista doméstica.
O episódio mais marcante envolvendo a Antifa decorreu em agosto de 2020, em Portland, quando Michael Reinoehl, que se identificava como simpatizante do movimento, matou Aaron “Jay” Danielson, associado ao grupo extremista Patriot Prayer. Reinoehl foi morto por forças policiais durante uma tentativa de prisão.
Durante sua gestão, Trump tem dado ênfase na questão da segurança pública, mesmo com a diminuição vinculada de crimes violentos em várias cidades americanas. Sua ação repressiva contra capitais lideradas por democratas, como Los Angeles e Washington, provocou disputas judiciais e manifestações.
O governo Trump também persegue a meta de deportar o maior número possível de imigrantes que vivem ilegalmente no país, o que tem gerado pressão para combater crimes, embora muitas pessoas sem antecedentes criminais também tenham sido detidas. Moradores de metrópoles como Nova York, Chicago e Washington, que possuem inclinações democratas, vêm resistindo a essas ações nos últimos meses.
Nesta sexta-feira, em Broadview, subúrbio de Chicago, o ICE utilizou gás lacrimogêneo, munição menos letal e balas de pimenta para dispersar protestos diante de um centro de detenção de imigrantes. Manifestações similares ocorreram em outras unidades de detenção pelo país, incluindo Portland.



