Cientista responsável pelo desenvolvimento da IA alerta que todos os empregos serão eliminados
Yoshua Bengio, renomado professor de ciência da computação da Université de Montréal e vencedor do Prêmio Turing, expressou arrependimento pelo papel que desempenhou no avanço da inteligência artificial (IA). Conforme suas declarações, essa tecnologia ameaça eliminar todos os empregos, inclusive os intelectuais e físicos, dentro dos próximos cinco anos.
Segundo Bengio, o impacto da automação já está em curso, especialmente afetando os postos de trabalho cognitivos, aqueles que envolvem atividades executadas frente a um computador. Ele afirma que não se trata de uma questão se isso acontecerá, mas sim de quando, pois a IA continuará evoluindo cientificamente, tornando-se capaz de assumir cada vez mais tarefas desempenhadas por humanos.
O cientista ressalta que, apesar da adoção gradual da IA nas empresas, esta transformação é inevitável e deverá atingir primeiro os empregos de menor hierarquia, como os ocupados por profissionais da geração Z, que estão sendo mais vulneráveis à substituição por sistemas automatizados.
Além dos trabalhos administrativos, Bengio comenta que funções manuais também serão afetadas a médio prazo, apesar de levar mais tempo para a substituição completa. Ele exemplifica que mesmo profissões como a de encanador, tradicionalmente consideradas mais seguras, não escaparão da automação no futuro.
As consequências da difusão da inteligência artificial vão muito além do mercado de trabalho, podendo ameaçar elementos essenciais da sociedade, como a própria democracia, que pode enfrentar um colapso em poucas décadas devido às mudanças estruturais provocadas pela tecnologia.
Bengio revelou ter se arrependido por não ter previsto a dimensão dos riscos que a IA representa, especialmente após o surgimento do ChatGPT e ao refletir sobre o futuro das próximas gerações, incluindo seu neto. Essa preocupação o motivou a fundar a LawZero, organização sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento de sistemas de IA alinhados a valores humanos e à segurança.
O cientista convida líderes empresariais a refletirem e colaborarem para encontrar soluções para os perigos trazidos pela tecnologia, alertando que a competição desmedida pelo progresso pode gerar riscos profundos para as atuais e futuras gerações.



